Cozinha

Acabei por não conseguir adormecer e, quando olhei para o relógio, já era de madrugada. Suspirei e levantei-me da cama, pousando o livro sobre a mesinha de cabeceira e ligando a pequena luz da mesma. Percorri o chão do meu quarto, descalça, arrepiando-me de início ao sentir a diferença de temperaturas. Desci depois as escadas, às escuras, dirigindo-me à cozinha. Assustei-me quando vi lá Evan, de costas para mim.
- O que estás a fazer aqui? - perguntei, meio desconfiada, aproximando-me. Esperava bem que ele não tivesse nenhuma faca na mão e me desse com ela ou algo do género.

Acendi a luz quando ouvi o barulho de vidro a partir e olhei o chão, mordendo o lábio inferior.
- Desculpa se te assustei, então. - encolhi os ombros e peguei na vassoura, vendo que ele se tinha cortado. - Deixa. - disse-lhe e varri os vidros quando se afastou, passando depois a esfregona.
Aproximei-me dele e peguei na sua mão, vendo o corte atentamente. Era apenas superficial, mas sangrava na mesma.

Continuei a olhar para a mão dele, para o sítio do corte.
- Cortaste-te. Devias desinfetar isto ou algo do género. - fiz uma careta. - Não é muito profundo. - olhei para cima, ou melhor, para ele, que era mais alto que eu.

Mordi o lábio inferior quando me chamou Sky. Nem toda a gente me tratava assim, só os meus amigos e família mais próximos.
Os meus olhos estavam fixos nos seus e não recuei quando percebi o que ia acontecer. Evan aproximou a sua cara da minha e os seus lábios tocaram nos meus e eu não fui capaz de o parar e recuar. Instintivamente, os meus braços rodearam o seu pescoço e encostei-me mais a ele, colocando-me de bicos de pés, e retribui o beijo. Os seus lábios eram macios contra os seus e eu gostei da sensação, talvez até tenha gostado demais.
Evan era um rapaz bonito, mesmo que não fizesse nada para o parecer. O seu cabelo despenteado demonstrava que ele não se preocupava minimamente com o aspeto na maioria das vezes, mas ele era capaz de ter noção de que isso fazia parte da sua beleza. Acabei por ficar sem lhe responder ao que tinha dito, face a já ter feito coisas piores do que um corte.

Passei as minhas mãos pela parte detrás do seu cabelo, acima do pescoço, e senti o mesmo passar-me por entre os dedos.
Senti as minhas costas embaterem contra o frigorífico e o seu corpo ficou mais encostado ao meu. O facto de o tecido da minha roupa ser fino e de eu estar com bastante pele à mostra, assim como ele, fazia com que eu sentisse a sua temperatura corporal, o que também me agradava, surpreendetemente.
Afastei os meus lábios dos seus para recuperar o fôlego e depois voltei a roçar a minha boca na sua, como se estivesse a provocá-lo.

Senti-o morder-me o lábio inferior e depois voltar a beijar-me, e voltei a retribuir da mesma maneira, continuando a puxá-lo para mim enquanto percorria os seus ombros com as minhas mãos. Foi a minha vez de lhe morder o lábio inferior quando o senti percorrer o meu corpo com as mãos e elevar-me, para depois fazer um jeito e sentar-me sobre a bancada que, por sinal, estava gelada e fez com que eu soltasse um pequeno barulho contra a sua boca, pela diferença de temperaturas. Rodeei-o com as pernas, fazendo-o encostar-se à bancada e cheguei-me mais para ele, sem parar de o beijar.

Estremeci quando senti as suas mãos nas minhas pernas, sentindo-me arrepiada com o seu toque. Parecia que a minha pele ficava em chamas onde quer que as suas mãos passassem.
Semicerrei os olhos quando me beijou o pescoço e mordi o lábio inferior levemente. Deixei as minhas mãos descer pelas suas costas, sentindo os músculos defenidos das mesmas, refletindo todos os movimentos que ele fazia.

Mordi o lábio inferior com a sua pergunta. A minha vontade era dizer-lhe que sim, até porque depois daquilo era um bocado parvo, mas havia sempre aquela parte de mim que sabia que aquilo ia dar em porcaria. Outra vez.
Decidi ignorar a parte de mim que me inclinava para responder que não. Desta vez era diferente, sabia que não haveriam sentimentos a atrapalhar. Para além do mais, eu nunca tinha feito nada daquele género com alguém que mal conhecida, e isso dava-me um bocado de adrenalina.
- Hmhm... - dei por mim a responder quando os meus pés entraram em contacto com o chão novamente.

Estendi a mão para Dean para ele me dar um high5 e depois assenti para Evan.
- Já te tinha dito que sim. - encolhi os ombros levemente e pus as panquecas num prato.

Sorri para Evan e depois pisquei o olho a Dean, na brincadeira.
- Eu sou muito fixe. - gozei e pousei o prato à frente deles. - Panquecas. - pus o doce na mesa e uma faca. - Com doce, se quiseres. E sumo. - fui buscar o mesmo ao frigorífico e copos, pousando também na mesa. - Que te parece, Dean? - voltei a sorrir-lhe.

Sentei-me ao lado de Dean quando ele estendeu a mão.
- Quero saber se está bom. - disse-lhe antes de ele começar a comer e depois fiz uma careta para Evan. - Não estou a ficar convencida. - resmunguei e peguei numa panqueca para mim.