Sala de Estar

- Estou na sala. - gritei quando a ouvir perguntar se estava pronto ao fundo do corredor. - Queres ir já? - perguntei fazendo uma careta - Ainda é tão cedo e deve estar um sol muito forte. - murmurei por ela ser tão branquinha de pele, nem parecia minha irmã se fossemos comparar o tom de pele.

Ao ouvir a sua voz, fui então até à sala e atirei-me como um peso morto para o sofá. Olhei pela janela. Sinceramente, ainda não tinha visto como estava o tempo - Ah, tanto faz - respondi secamente - É tudo a mesma coisa... - continuei, olhando para o tecto só para me entreter - Bem que podias era levar um amigo - disse, na brincadeira, apesar de saber que se ele levasse eu não me ia importar... nada.

Desviei a atenção da televisão quando ela me deu a sugestão de levar um amigo. - Para que que queres um amigo meu? - perguntei como se fosse a pessoamais estúpida à face da terra.

Claro que ele se fez de idiota. Mas como também não era nada de especial para mim, ignorei o assunto - Nada, deixa - levantei-me e sentei-me no banco do piano que lá estava. Ainda toquei numa tecla, mas estava com tanta preguiça, que me deixei ficar por ali.

Olhei para ela sentada no piano. - Há muito que não tocas. - acabei por comentar e deitar-me no sofá, só me apetecia realmente era dormir, mas pronto. Estava cansado do trabalho.

Fiquei a olhar as teclas mais um bocado. - É verdade - concordei, meio triste - Não tenho feito nada decente... - comentei para mim. Percebi pela sua posição que ele queria dormir. Abri o meu livro de melodias e procurei a mais calma que tinha. Tentei começar a tocá-la, mas algo não correu bem e desisti ao fim da terceira nota.

Mexi nos meus dedos. - Estou a pensar arranjar outro trabalho para a parte da tarde. - acabei por lhe dizer. Certamente não ia achar muita piada, mas precisavamos de dinheiro.

Fechei num estrondo as teclas do piano - Estás a gozar, certo? - perguntei, chocada. Agora era eu que ia ficar preocupada - Já tens pela manhã, já ficas assim cansado. Para o ano já posso trabalhar, fica descansado por agora - pedi. Levantei-me do piano e fiquei em pé junto dele, olhando-o nos olhos para perceber o quão má eu achava aquela ideia.

Encolhi os ombros. - O trabalho no zoo não é suficiente para todos os nossos gastos. - expliquei-lhe a situação em que estavamos. - Deixa-me tentar, se não conseguir, só faço o primeiro mês.

Bufei. Não, não ia deixar aquilo acontecer. Pus-me a enumerar uma série de coisas que podíamos fazer - Nem penses. Estou quase a ir trabalhar também. Podemos poupar até lá - implorei e deitei-me junto dele no sofá, apesar de apertados, era uma posição bastante querida, devo dizer - Deixamos de almoçar, e passamos a andar só a pé... aqui as coisas não são tão longe umas das outras - exemplifiquei - Eu posso vender o meu cabelo, isso não dá para fazer ou que raio? - continuei e peguei nele - É bonito, a avó sempre mo disse. E já está bastante longo.

Suspirei e nem ouvi metade do que ela tinha dito. - Não vale a pena tentares dar-me a volta eu vou fazer isso, já estive a ver e um restaurante aqui da zona precisa de uma pessoa para a copa, o horário é das 14 horas às 23 horas, não pagam mal e dão-me almoço e jantar. - expliquei-lhe. - Acho que não fico a perder.

Levantei-me subitamente e fui até ao meu quarto. Da secretária, peguei numa tesoura e num elástico que tinha por ali espalhado. Voltei à sala, com o cabelo preso por baixo e a tesoura pronta para o cortar - Marlon - chamei-lhe a atenção. Podia ser uma birra, mas duvidava que não funcionasse.

Levantei-me do sofá. - Podes tentar fazer as birras que quiseres, já tomei a minha decisão e não vais conseguir mudar isso. - murmurei chateado direito ao meu quarto. - E já não quero ir à praia, se quiseres vai tu de bicicleta. - e dito isto entrei no meu quarto.
Encerrado.

Revirei os olhos. Ele era tão, mas tão irritante. Olhei para o meu cabelo. Não o tinha coragem de cortar. Claro que não. Tinha de me habituar à ideia, e isso podia demorar. Deixei a tesoura em cima do sofá e, ainda com aquele penteado, fui de novo até ao piano. Sentei-me e toquei a primeira coisa que me veio à cabeça, a favorita do meu irmão. Não sei se o acalmei ou não, mas levantei-me dali, fui até ao quarto e fechei-o com toda a força, em que só um surdo não ouviria. Atirei-me para a cama. Não conseguia dormir mais, é claro, mas também não tinha muito mais que fazer. Precisava seriamente duma distração.
Encerrado

Entrei em casa com Cam e pousei as minhas coisas sobre o sofá. - Sabes os cantos à casa, estás à vontade. - acabei por dizer atirando-me para cima do sofá.

Assenti quando falou.
- Sendo assim vou tomar um banho. - disse e fui até à casa de banho, mas antes virei-me para Marlon. - Depois posso ir buscar uma roupa ao teu quarto? - perguntei, isto soou um pouco gay.

Olhei a televisão e depois Cam por segundos.
- A sério que me fizeste essa pergunta? - resmunguei com ele e voltei a olhar a televisão não respondendo a sua pergunta.

Ri-me com a minha pergunta.
- Sim, isto foi um pouco gay. - disse e fui até à casa de banho.
Despi-me e entrei dentro da banheira.

Acabei por me deixar ficar a ver televisão, encontrando um canal de desporto.

Fui então até à sala. O rapaz não devia tardar muito, e depois ia chegar o constrangimento. A sua imagem nua ainda era muito nítida e clara na minha cabeça, o que não era nada agradável. Questionava-me a mim mesma se ia conseguir jantar, a imaginar aquelas coisas. Nojento, repito, nojento! - Marlon! - chamei, com uma voz ligeiramente chateada, quando entrei na sala e ele não deu por mim.

Olhei para Alicia quando me chamou de uma forma um pouco chateada. - Sim? - perguntei sem tirar os olhos da televisão pois estava a dar a minha série preferida e eu não ouvia nada nem olhava para outras pessoas quando isto acontecia.

Depois daquele pequeno e engraçado incidente acabei por acabar de me secar. Fui até ao quarto do Marlon e procurei alguma coisa para eu vestir.
Assim que estava pronto voltei para a sala, e voltei a encontrar a rapariga de à bocado. Ri baixinho e olhei-os.

Fui interrompida por passos. Tive que contar até cinco mentalmente, porque sabia que seria necessário controlar-me o resto da noite. - Olá - falei-lhe simpaticamente, como se nada tivesse acontecido, e ignorei o seu risinho estúpido. Olhei para Marlon, esperando que ele fizesse as apresentações.

Olhei os dois por segundos e voltei a olhar a televisão. Apesar de os ter olhando por tão pouco tempo percebi que havia um ambiente estranho, sei lá, talvez por conhecer demasiado bem ambos.
Sorri a Alicia e olhei para ambos, assim que começou o intervalo do filme que estava a ver. - Acho que já se conhecem, não? - perguntei, porque era habito o Cam vir cá, por isso..