Ginásio

Na segunda-feira, lá estava eu, pronta para mais uma aula de Trevor, mas desta vez, sem ser sentada. Para começar, fui até ao ginásio, gastar um pouco das energias. Depois, quando foi na altura do toque, segui para a sala.

encerrado.

No dia seguinte cheguei mais cedo ao conservatório, bem cedo de manhã. Talve por isso encontrei o ginásio vazio. Era esse o meu propósito. Liguei os meus phones e comecei pela máquina de corrida.

Desta vez não viera ali para treinar. Desde a época do acidente, que o conservatório sempre insistira em que eu fizesse fisioterapia ali. Eu não recusara. Fora graças a isso, que voltara a ter os movimentos básicos da perna. E bem, depois do episódio com as quatro raparigas, o director cedera-me um mês e meio do mesmo. Fui ter com o fisioterapeuta e ele começou-me com exercícios básicos que doíam imenso. Felizmente, aquilo era apenas uma vez por semana.

Fiz a minha hora de exercício. Não me ia levar ao limite, não podia. Ao sair do ginásio, voltei atrás quando ouvi um gemido de dor. Havia uma porta semi-aberta, com as letras fisioterapia, que me fizeram estremer. Espreitei discretamente.

- Quando sair daqui, vou-me sentir pior do que já estava! - fiz uma careta. O fisioterapeuta, já bem conhecido, só se ria com os meus resmungos. - Eu nunca vou conseguir esticar totalmente o joelho. Esquece isso. - quase que fechei os olhos, com a dor. A melhor parte eram as massagens que ele me proporcionava. Se não, nem sabia como me aguentaria.

Senti-me um intrometido quando observei a sessão. Tratava-se de Aixa que, apesar de poder perceber que ela estava com dores, disfarçava o melhor possível. Isso relembrava-me os meus tempos de fisioterapia intensiva, nas horas que passara a lutar por recuperar.
Eu devia mesmo ir-me embora mais quando um colega me apanhou - Trev! .

A minha reacção foi instantânea. Olhei directamente para a porta de saída e pelo pouco que vi, consegui distinguir a silhueta de Trevor. Mal o fisioterapeuta deu por terminada a sessão, segui até à saída e encarei os dois professores. Mas que raio. Que fazia ele ali?

Tentei disfarçar quando Aixa saiu. Meti conversa com o meu colega como se estivesse ali por acaso e nem sabia que ela estivera ali dentro.

O outro professor olhou para mim e não deixou de ficar admirado. Encolhi os ombros. Não percebia realmente o que aqueles dois estavam ali a fazer, ainda para mais, à porta do sítio de fisioterapia. Fechei a porta e segui para fora dali.

encerrado.