Lago

- Não, por favor Trevor, não! - soltei um gritinho histérico quando senti a água a salpicar na minha pele e acabei por cravar as unhas nos seus braços, talvez com alguma força a mais. - Está muito fria! E.. e.. eu posso ficar doente. Imagina se eu pego gripe à Angel. Por favor, eu nem te molhei assim tanto. E ah! A minha roupa vai ficar transparente, isso é constrangedor. Por favor Trevor!

- Ainda não viste nada. - Quando já estava pronta para comemorar e sair dali ilesa, ele acabou por se desequilibrar e me levar junto para dentro de água. - Trevor!! - Afastei-me rapidamente dele e comecei a atirar-lhe com água. Agora que já estávamos ambos molhados não vazia mais diferença nenhuma.

Não fora bem assim que planeara acabar o fim da tarde. O pouco que eu não olhara estava agora Aixa a tratar disso - Ah, não penses que também não levas - também lhe atirei com água, cada vez mais perto pois corri atrás dela apesar da sua tentativa para nos afastar.

Aos poucos e poucos fomos ficando cada vez mais próximos até não sobrar espaço entre os nossos corpos. Quando reparei naquela situação evitei qualquer contacto visual. Senti-me tensa. - É melhor voltarmos.

E por momentos foi como se fôssemos duas pessoas sem um passado. Mas esse passado ressurgiu todo mal os nososs corpos chocaram. Havia ainda uma atração inegável.  Afastei-me dela. - Sim, é - Saímos dos limites da água. Só então reparei na pequena loirinha ali a rir-se que nem uma perdida de nós os dois.

Angel estava claramente a ter um ataque de riso. A sua cara tinha sido preenchida pela cor vermelha. Cruzei os braços ao peito. - Tsc.. Acho que alguém precisa de um banho frio. - A pequena parou de rir e encolheu-se toda.
- Não mamã.. olha.. olha que eu digo ao papá!
- Não me parece que o papá esteja aqui e tenho a certeza absoluta que o professor Trevor não se importará de ser meu cúmplice.

Aproximei-me rapidamente de Angel e antes que ela tivesse oportunidade de escapar, entrelacei os meus braços à sua cintura e puxei-a contra o meu corpo. Claro que a pequena não me facilitou o meu trabalho de andar até ao lago e na primeira oportunidade agarrou-se a um dos braços de Trevor e começou a choramingar. - Por favor professor Trevor, salva-me, salva-me, salva-me! Não deixes a mama fazer isto! Olha que eu posso me afogar! - revirei os olhos. Claramente alguém tinha aprendido alguma coisa comigo.

Eu sabia que com aquele olhar ela iria conseguir tudo o que quisesse de Trevor ou de quem quer que fosse. - Angel pára de ser tão dramática, não é como se a mãe fosse capaz de te afogar. - revirei os olhos. - E que tal só os pézinhos? Hum? Está calor! - a pequena ainda se debateu um pouco mas acabou por concordar. Depressa ela começou a chapinhar na água e a molhar-nos aos dois.

Fora algo que eu nunca imaginara, ver Aixa como mae, mas a verdade é que ela era muito boa nesse papel. Dava para ver pela felicidade da pequena que era a sua cara chapada. Achei pro bem dar-lhes momentos às duas - vou acender a fogueira - disse e fui.

Spoiler:

Era tão bom ter estes momentos com a pequena. Apesar de sermos super próximas, ela sempre preferia o pai a mim e por vezes isso deixava-me um pouco enciumada. Nós ainda ficámos algum tempo no lago. Angel tinha deixado a birra de lado e agora era ela quem não queria sair da água e passava o tempo todo a chapinhar. Foi difícil de a convencer a voltarmos para o acampamento, mas não impossível.

Spoiler:

Quando as duas voltaram, já a fogueira estava em lume alto e pronta a ser utilizada. Também nos dava alguma luz já que o sol já se estava a por. Reparei que a filha de Aixa estava molhada e colocou-se perto do fogo onde ia secar mais ráṕído. Ainda meimpressonava quão parecida era à mae.
- como assim não pescaste um peixe para o jantar, Angel? Agora não temos que comer - brinquei embora num tom sério que a fez acreditar no que eu dizia.

Às vezes eu ficava impressionada com a inocência de Angel para acreditar em tudo o que lhe diziam. Mas não a podia censurar, afinal, a pequena só tinha seis anos de idade.
- A Angel não sabia! A Angel não sabia! Mamã! - as suas mãozinhas puxaram o meu vestido, pedindo por tudo a minha atenção. Resolvi alinhar na brincadeira de Trevor.
- Não acredito que passaste o tempo todo a brincar e nem um peixinho nos arranjaste.