Cozinha e Sala de Jantar

Acabei por tirar uns panados de frango que tinha sido eu mesmo a panar no outro dia, quando tinha tempo. Fritei-os deixando-o bem douradinhos e acabei por fazer um arroz de cenoura para acompanhar e uma salada.
- Ali, podes vir por a mesa? - perguntei à porta da cozinha que dava para ambas as salas, enquanto acabava de temperar a salada e verificar o arroz.

Entrei na cozinha e, sem ele dar por mim, tirei os pratos e os talheres do armário, fazendo o maior barulho possível, para ele notar a minha presença. Quando achei que foi suficiente, resmunguei, chateada - Agora já precisas de mim?! - pousei dois pratos e dois conjuntos de talheres na mesa, e acrescentei dois copos, deixando um ligeiramente estalado para Marlon. Era um golpe baixo, mas queria que ele visse que eu estava mesmo passada com ele. - Aí estão dois lugares, eu vou jantar fora - anunciei. O mais provavel era ele não me deixar, mas eu ia sair na mesma.

Ignorei totalmente o que ela tinha dito sobre precisar dela ou uma coisa parecida, porque ela sabia bem que no mínimo ponha a mesa a todas as refeições, já que não fazia mais nada. - Deves-te estar a passar, fiz comer a contar contigo e não temos dinheiro para essas coisas. - resmunguei e acabei por colocar a comida na mesma. - Podes chamar o Cam? - perguntei, dando a entender que não queria falar de mais nada do assunto anterior.

Ri-me ironicamente e continuei a sorrir para ele - Não preciso de gastar dinheiro - disse só, e saí. Fui até à sala chamar o rapaz - Podes ir para a cozinha. Diz ao meu irmão que eu saí - chamei-o, e não lhe dei tempo de responder. Vesti o casaco e saí porta fora. Bati-a com toda a força, para o meu irmão sentir o sabor da minha raiva, e caminhei pela cidade. Nem tinha fome, não me era problema não jantar.

Coloquei a comida na mesa, os panados, o arroz e a salada que tinha feito e acabei por suspirar quando ouvi a porta bater.
- Estou farto desta miúda, só faz birras. - desabafei quando Cam entrou na cozinha. Acabei por me sentar no meu lugar e servirmos de sumo.

Olhei para Alicia quando ela falou assenti.
- Ok, eu digo. - disse com um encolher de ombros. Acho que não ia ser preciso pela maneira de como ela bateu a porta.
Fui até à cozinha e sentei-me à mesa, olhando-o quando falou.
- Eu acho que já percebeste, mas eu digo na mesma. Ela mandou dizer que ia sair. - disse. - Eu acho que ela só quer ter um pouco mais de liberdade. - disse com um encolher de ombros.

Suspirei e não disse nada, acabamos por nos servir. - Liberdade? Ela só fala em 'comer' gajos e essas coisas, isso eu não acho normal, a miúda não é da nossa idade, tem 17 anos. - resmunguei e acabei por me sentar na mesa, olhando-o.

Comecei a comer e quando ele falou, olhei-o por instantes e ri-me baixinho.
- Tu com essa idade também fazias isso, mas com raparigas. - disse. - Eu acho que é normal ela querer essas coisas.