Quarto da Arya

Se ela soubesse o que me apetecia fazer não ficava chateada. Eu também me preocupava com ela, talvez fosse por isso que a avisava daquela forma. Estava sempre a meter-me em sarilhos, não podia deixar que ela viesse meter-se na minha vida e magoar-se por minha causa. Forcei-me a manter-me calado para não azedar ainda mais o ambiente e limitei-me a levantar depois dela ter dito que queria. Respirei fundo, tentando manter-me concentrado, só lhe ia mostrar um quarto, só isso. Fui à sua frente até ao quarto antigo da minha irmã e quando abri a porta, mordi o interior da bochecha. Raramente ia ali, só quando ajudava a minha mãe a limpar a casa é que me obrigava a estar ali o mínimo de tempo possível. - Temos que mudar a roupa da cama - apontei para a mesma - aquela deve estar cheia de pó - murmurei, clareando a garganta logo de seguida.

Sabem o que é que me irritava ainda mais do que ele? O facto de, apesar de me conseguir irritar como ninguém, me fazer também sentir coisas que era melhor nem exteriorizar. Era um misto de emoções tão grande que eu nem sabia o que fazer para as controlar. Ele confundia-me, mesmo muito...se ao menos ele soubesse. Abanei ligeiramente a cabeça com os meus próprios pensamentos, deixando que fosse à minha frente para me indicar o caminho e mantive-me calada durante todo o tempo, uma vez que tudo o que menos me apetecia naquele momento era que o clima entre nós piorasse ainda mais. Parei ao seu lado quando fez o mesmo, percebendo que tínhamos chegado ao quarto e nem precisei que a porta se abrisse por completo para perceber que aquele quarto era o da sua irmã. Bastava ver a sua expressão, já para não falar de que a casa não era muito grande, e se a sua mãe e Robb também tinham um quarto, aquele era o único que restava.
- Eu não preciso de ficar aqui.- disse mal terminou de falar, olhando-o apenas por meros segundos.- eu sei o quanto isto significa para vocês, eu posso dormir no sofá.- assenti enquanto falava.- não tem problema nenhum.

Segurei-me à porta enquanto observava o quarto, tentando pensar noutra coisa que não a minha irmã, no entanto, foi impossível quando Beatrice falou. Mordi o interior da bochecha e respirei fundo, tentando conter-me na resposta e, apesar de conseguir não dizer nada de mal, não consegui não ser bruto - Cala-te, não ficas nada na sala, podes dormir aqui - encolhi os ombros e tive que me afastar um bocado - está vazio de qualquer das maneiras - continuei abrindo a porta do meu quarto - ali é o quarto da minha mãe se precisares de alguma coisa e ao lado é a casa de banho. - informei antes de entrar. Sentei-me na cama com um suspiro e passei os dedos pelo cabelo, observando o jardim das traseiras de casa.

Eu sabia o quanto custava remexer no passado, ou melhor, remexer nas coisas que nos faziam lembrar do passado e apesar de eu acreditar que a sua irmã ia voltar, eu sabia o quanto custava mexer nas coisas deles, acontecia-me o mesmo sempre que ia ao quarto do meu irmão, apenas para me lembrar de que ainda havia esperança. Tinha de haver. Mas bem, por saber o quanto custava é que tinha insistido com Robb para que me deixasse ficar na sala, não me fazia diferença. Porém, Robb não pareceu ficar agradado com a sugestão visto que começou logo a resmungar comigo, fazendo-me soltar um leve suspiro.
- Pronto, está bem.- disse apenas, não querendo que se chateasse e assim que o vi sentar-se na cama, não resisti em aproximar-me, indo sentar-me ao seu lado, atrevendo-me também a tocar-lhe no braço.- ela vai voltar.- murmurei baixinho, afagando a sua pele com muito cuidado.- e quando isso acontecer, a vossa vida vai voltar a ser o que era.- assenti.- só precisas de não perder a esperança.

Fechei a porta atrás de mim assim que cheguei ao quarto da irmã de Robb e encostei-me à mesma, fechando os olhos com um longo suspiro. Mas porque é que eu me metia nestas coisas? Porque é que eu não ficava quieta no meu lugar? Pior..porque é que eu tinha vontade de as fazer? Isso sim, era o grande problema. Já tinha dado para reparar que a minha relação e de Robb era tudo menos normal. Tanto nos dávamos minimamente bem como no minuto a seguir já estávamos afastados de novo. Mas depois haviam momentos como estes que..que não me deixavam afastar, melhor dizendo, davam-me vontade de aproximar ainda mais. Abanei a cabeça aos meus próprios pensamentos, sentindo-me cada vez mais confusa e, numa tentativa de não pensar tanto, abri o armário que ali tinha, pegando no primeiro par de lençóis que encontrei. Precisava de me distrair e apesar das dores que sentia, não queria dar ainda mais trabalho, por isso mesmo, tirei os lençóis que a cama tinha e comecei a trocar pelos que tinha encontrado.