Banco

Depois do meu turmo, dormi um pouco e acabei por sair cedo de casa visto que tinha coisas a tratar no banco e este também fechada relativamente cedo.
Tomei um duche e mudei de roupa, penteei o cabelo, lavei os dentes, coloquei uma maquilhagem ligeira e sai de casa depois, de também, me perfumar.
Fui até ao banco e tirei a senha, esperando a minha vez.

Já que me deitei cedo, como é normal, também acordei cedo. Tinha de ir ao banco tratar dumas coisas e depois estava livre o resto do dia, apesar de isso tornar as coisas um bocadinho mais secantes. Vesti uma camisa verde-azeitona e branca e umas calças do mesmo tom, perfumei-me e fiz o resto das coisas que normalmente se faz antes de sair de casa, entrei no meu carro e fui até Golden, até ao banco. Estavam poucos carros à porta, talvez das horas, por isso estacionei mesmo em frente e entrei. Só vi uma viva-alma a ser atendida, uma loira. Entrei para os escritórios e fiz as coisas da fundação que tinha a fazer, verifiquei se estava tudo em ordem, e se não tinha havido nenhuma crise durante a noite (tinha que fazer isto todas as semanas, apesar de nunca acontecer nada), e saí novamente. Ouvi passos perto de mim. A rapariga ia a sair ao mesmo tempo.

Assim que tratei de todas as minhas coisas, como mandar vir um cartão de crédito novo visto que este tinha caducado e ter depositado o cheque do meu ordenado, entre outras coisas, já estava pronta para me ir embora.
Acabei por me deslocar para a porta de saída, mas deixei cair o meu telemóvel e quando o ia para apanhar verifiquei que tinha o visor partido. Fuck, pensei para mim mesma.

Estava com um olhar tão fixo para a porta que me assustei quando bati em algo. Depois é que percebi que era uma miúda - Hey - queixei-me - Podias andar, não sei... - ironizei, sacudindo a minha roupa sem olhar para ela.

Levantei-me e olhei para o rapaz que chocara contra mim depois de me levantar, ainda com o telemovel partido na mão direita. - Jason... - murmurei sem saber muito bem o que lhe dizer, não o esperava encontrar, de facto.

Arqueei as sobrancelhas quando ouvi o meu nome vindo dela. Se calhar tinha reconhecido o presidente da vila. Levantei o olhar e fiquei ainda mais confuso - Espera, eu conheço-te de algum lado - comentei e fiquei a olhá-la fixamente mais um bocadinho - Juli! - lembrei-me. Mas que grande coincidência. - Já sabes o meu nome? - brinquei e sorri, mais calmo. Por algum motivo já não estava com o ar superior em relação a ela. Não parecia a mesma boazona que com os calções de fato de treino. Parecia uma menina mais querida e suave.

Sorri ligeiramente quando me reconheceu apesar de ter achado um bocado estranho ele ter-me dado uma alcunha se só tinha estado uma única vez comigo. - Parece que sim. - murmurei respondendo a sua pergunta e acabei por esconder o telemóvel dentro da minha mala.

Vi-a a guardar o telemóvel na mala e percebi logo o que tinha acontecido. Nem parecia meu, ter uma lógica tão boa - Ainda bem que me encontraste, já vi que não podias mandar mensagem - continuei a meter-me e fiz uma careta, apesar de saber muito bem que ela não estava feliz por me encontrar - Suponho que me ias pedir a visita, hum? - fiz-me de inocente, como se não percebesse que ela preferia nunca mais me ter visto.

Voltei a sorrir-lhe ligeiramente um pouco atrapalhada por não saber o que lhe responder, visto que ele tinha sido tão não sei bem, uma especie de inocente com alguma coisa estranha. - De facto, não. - acabei por ser sincera. - Tenho andado ocupada. - tentei desculpar-me, mas em parte era verdade, devido aos meus horários de trabalho.

Acenei com a cabeça, compreensivo. Mas decidi continuar com o gozo - Também, só passou um dia - disse só, e ouvi alguém a entrar - Devíamos sair daqui. Anda comigo à fundação, eu dou-te boleia - convidei novamente. Estava a forçar tanto, que ela teria de aceitar mais tarde ou mais cedo.

Sai do banco, mas fiquei no seu exterior e esperei que ele saisse também, para lhe responder ao que me tinha acabado de dizer, ou talvez convidar. - O que que queres que vá fazer a essa fundação? - pergunti começando já a ficar um pouco chateada com toda aquela história, mas não lhe demonstrei isso.

Suspirei. Ok, se calhar a fundação funcionava, até eu forçar - Sei lá, é aquilo que eu te consigo mostrar melhor da zona - respondi honestamente e, já que estava nesta onda, continuei - Porque, caso não tenhas notado, sou um Combs - resmunguei, já meio chateado. Ela podia ao menos ter-me dado uma oportunidade, a cabra.

Suspirei e olhei para ele por alguns segundos, ficando calada. Tanto hesitia comigo nem sei muito bem para que, só esperava que não tivesse más intenções comigo ou alguma coisa parecida. - Sim, sim já sei que és um Combs. - murmurei meia resmungona.

Agora sim, estava-me a passar. - Desisto, não te levo a parte nenhuma. Queria conhecer-te melhor, caraças! És pior que a minha tia - deixei sair, sem pensar duas vezes no que estava a dizer. Se alguém convidasse a minha tia para ir a algum lado, até se fosse um pacóvio, ela ia. Mas esta cabra não.

Suspirei de novo, desta vez mais profudamente e virei-lhe costas indo para o meu carro. Não estava para aturar pessoas mal educadas, nem sabia como é que ele tinha a lata de dizer que era presidente desta porcaria! Destranquei o meu carro e coloquei a minha mala no lugar do pendura e abri a porta do condutor, entrando para dentro do carro.

Uma pessoa a querer ser simpática! A querer ter sexo, também, mas há que ser simpático para isso. E eu queria aproximar-me melhor dela, porque se fosse só sexo tinha ido à rotunda. Ainda lhe olhei para o cu mas o meu orgulho levou a melhor e fui para o carro, bati a porta com toda a força e fiquei lá à espera que o dela saísse, só para não ter de a ver outra vez.

Só esperava que o rapaz agora não me seguisse até casa, isso era mesmo a pior coisa. Raio da fundação, porra!
Liguei o carro e conduzi pelo caminho que dava acesso a minha casa.

Vi um carro a passar e pensei que fosse o dela. Pus o pé no acelarar e saí do estacionamento. Ouvi um grande estrondo lá atrás e a minha primeira reação foi travar de repente. Mais um estrondo. - Foda-se - exclamei, pensando no que podia ser. Saí disparado do carro e vi que tinha acertado noutro. - Lindo - comentei e levei as mãos à cabeça.

Sai do carro furiosa quando vi que ele me tinha batido no carro. Tinha o telemóvel com o visor partido, agora o carro, só me faltava mais esta, já estava irritada com isto tudo.
- Mas tu estás a dormir?! - resmunguei com Jason assim que sai do carro e dei a volta para ver como estava. - Olha-me esta porcaria. - resmunguei de novo.

O quê?! O carro era dela? Só me faltava esta. Se o destino existisse, dar-lhe-ia uma grande sova. Bufei com toda a força. - Eu compro-te a merda dum carro novo, está bem?! Mas deixa-me em paz! - gritei a altos berros, e as pessoas começaram a aproximar-se. Porque é que eu falo com todas as miúdas que me parecem giras? Porquê? perguntava-me a mim mesmo. Nota mental, quanto mais gira, mais chanfrada.

Encostei-me ao carro e olhei para ele. - Eu não quero um carro novo, idiota. - se bem que este tinha um problema no motor... mas eu iria mandar arranjar, claro, à minha conta. -Só quero que arranjes a porcaria que acabaste de fazer.

Bufei. Ia tudo dar ao mesmo. Além de mal-educada, era parva. - Então e eu agora sou mecânico? - perguntei ironicamente. Um senhor aproximou-se e tentou perguntar se queríamos ajuda mas, fora de controlo, acabei por lhe gritar também - Não, estamos bem sozinhos obrigado! - disse, agressivamente, e tanto ele como toda a gente que estava a assistir à discussão se foi embora lentamente, ainda que a observar-nos.

Levei a mão à testa envergonhada com a situação quando ele gritou com o senhor que nos ofereceu ajuda. - Nem voltes a dizer que és presidente desta porcaria depois dessa atitude... - murmurei aproximando-me dele, sem saber muito bem o que fazer, visto nunca ter tido um acidente.

Mais uma coisa para enumerar na lista de defeitos dela: não ouvia as nossas conversas. - Eu nunca contei isso, apesar de ser óbvio, se estiveres um bocadinho atenta ao que se passa à tua volta! - respondi-lhe, bastante claro - Eu só te disse que era um Combs, porque te queria levar à fundação, porque achei que ias gostar, porque me queria aproximar mais de ti, porque seria ser teu amigo! - expliquei-lhe também. Ela é que era uma chata. Eu também, talvez, por ter insistido tanto. Mas se ela não queria, dizia logo que não queria, não dava desculpas só temporárias. Mas enfim, agora já sei o que podia esperar dela.