Feira Popular

- Ou talvez devesses estar, só por precaução. - encolhi os ombros e depois ignorei o facto de aquela frase fazer parecer que eu me estava a atirar a ele ou alguma coisa do género. Quer dizer, Evan, como ele acabara de dizer que se chamara, era bastante agradável à vista e tal, mas eu não me estava, definitivamente, a fazer ao terreno. Fiz um sorriso afetado face aos meus pensamentos confusos no momento depois de ter falado. - Sou a Skyler. - acabei por dizer também, apresentando-me. Não que ele tivesse perguntado, simplesmente parecera-me correto dizer, até porque ele se virara para trás e tudo apenas para me dizer o seu nome.
O seu irmão olhava para os nós os dois, de um lado para o outro, como se fosse um jogo de ping pong e ele estivesse a observar a bola.

Cruzei os braços.
- Não, acho que eles ganham bem e eu não vou andar a gastar dinheiro nisso. - fiz uma careta. - Mas deve haver gente que era capaz de te contratar, se achasse que davas para o serviço. Se bem que não pareces nenhum tanque, do tipo, um homem super alto com 150 quilos de músculo. - encolhi os ombros com um sorriso irónico.
Olhei o seu irmão, que permanecia calado mesmo quando Evan disse o seu nome. Sorri-lhe levemente e depois olhei para Evan novamente.
- Não é muito falador ou tu não o deixas falar? - gozei.

- Mas é a ideia geral para esse tipo de trabalho. Basta olhares para seguranças de bares e assim, na verdade. - encolhi os ombros.
Revirei-lhe os olhos e sorri cinicamente.
- Custa, não custa? Considera isto o teu pagamento por teres feito o mesmo. - encolhi os ombros mais uma vez, despreocupadamente.

Suspirei, abanando a cabeça. O gajo devia ter a mania que era mais que eu e que todos os outros, só podia. Quer dizer, para além de arrogante, parecia ser um idiota de primeira e um mal humorado com dupla personalidade - tanto estava bem disposto (ou aparentava), como no momento a seguir falava com sete pedras na mão como se o tivessem a acusar de alguma coisa em que ele fosse inocente.
Esfreguei as mãos nas pernas e observei o miúdo que ainda me olhava.
- Como tu, apenas dei um palpite. E até o disse em tom de gozo, enquanto tu, quando falaste dos meus pais, estavas sério, como se realmente acreditasses que todas as pessoas têm que fazer mal para depois sofrerem as consequências, ou verem os mais próximos a sofrê-las. - resmunguei.

Olhei para Dean quando começou a falar para mim e mordi o interior da bochecha.
- Eu estava a brincar. Ele disse uma coisa que eu não gostei, então disse uma coisa que ele não gostasse, percebes? - perguntei-lhe. O miúdo era realmente adorável e acabava por ter pena dele por ter um irmão tão idiota. Quer dizer, pelo menos era mesmo o que aparentava.
Vi Evan virar costas e pegar em Dean e revirei os olhos.

- Estava só a explicar-lhe como é o mundo real. - resmunguei também e observei-os a afastarem-se.
Acabei por ir na mesma direção, indo depois para casa. Eu não tinha mesmo sorte nenhuma, sinceramente. Qual era a dificuldade de sair de casa e voltar sem que nada me tivesse acontecido? E, no processo, conhecer pessoas decentes?

encerrado.