Sala do Director

No dia a seguir, lá estava eu com as minhas moletas à porta da sala do director. Fui mandada entrar e sentar. Assim o fiz. O director já me conhecia, ele ajudara-me imenso na época em que sofreram o acidente.
Eu confirmei tudo o que Trevor tinha dito, tinha contado exactamente o que se passara. Mas então que o director me surpreendeu.
- A Ashley disse-me que tu e professor Blake têm um caso. E há testemunhas, alunas nossas, que vos viram aos beijos, num bar.. - ergui o sobrolho. Não entendia o que ele queria dizer. - Todos sabemos o que se entende por uma relação professor-aluna..
- Não, não é nada disso. Foi um mero mal entendido. Não há relação nenhuma!
- Eu conheço-te Aixa. Será que não te sentiste ameaçada, de alguma forma e resolveste inventar isto tudo? - arregalei os olhos. Estava a começar a ficar ofendida.
- Não, nada disso! Não foi nada disso! - mostrei-lhe a minha perna. - Olhe.. foram elas que fizeram-me ontem. Pergunte ao professor Blake! - caramba, não acreditava no que aquele director estava a dizer.

Eu estava a caminho do conservatório quando recebi uma chamada a dizer que precisava de ir falar com o Diretor outra vez. Era só o que me faltava. Cheguei um pouco atrasado, propositadamente

Eu estava completamente chocada, toda chateada. O director praticamente já tinha feito a sua escolha. Assim que Trevor entrou, o director fez sinal para que ele se sentasse. Encolhi os ombros.

Troquei um breve olhar com Aixa.  Depois voltei a fixar o Diretor.
- Mr.Blake, recebemos um aviso de que mantém um relacionamento com a Aixa. Ainda mantém a sua posição face à queixa de ontem?
Mas aquilo era absurdo! - Com todo o respeito, mas isso é uma idiotice. E quem fez essa afirmação está a difamar-me. Continuo com o meu testemunho de ontem e espero realmente que faça alguma coisa a respeito.

O director olhou-nos de vez a vez. Eu não podia adivinhar no que ia na cabeça dele, mas esperava que fizesse alguma coisa quanto às raparigas.
- Vou fazer com que as miúdas tenham o seu devido castigo, mas, vou ter que te mudar de turma Aixa. - arregalei imenso os olhos.
- O quê? Elas roubam-me, deixam-me nua, ao frio no balneário, agridem-me e eu é que saiu prejudicada? - eu não ia aceitar aquilo, não ia.

Olhei intensamente para o Diretor. O meu olhar era frio e não estava para brincadeiras - Isso não é adequado. A Aixa introduziu-se no meu método de aprendizagem e as primeiras avaliações estão a chegar. Se está a considerar acreditar em tais boatos, digo-lhe ja que está muito errado.

- Exacto! Não há nada entre mim e o professor. É uma completa estupidez! - revirei os olhos. - E depois, o senhor nem sabe se eu gosto de homens.
O homem pareceu ficar extremamente sem jeito, atrapalhado. Aclarou a voz. - Está bem. Mas se vir alguma coisa que indique um relacionamento, não será apenas uma mudança de turma. Haverá consequências piores. - suspirei de alívio assim que o director finalmente se decidiu.

Não quis mas tive de olhar sorrateiramente para ela. Eu sabia bem como ela reagira ao meu beijo mas haveria hipotese de ela não gostar de homens? Não me importa... Ou talvez sim.
- Isto não vai acontecer. Estamos conversados. - Levantei-me e saí.

Eu nunca tivera um namorado, mas gostava de homens, tinha a certeza que sim. E talvez, fosse por nunca me terem visto com ninguém, que o director caiu naquela. Quando pude, saí dali.

encerrado.

Tentei alcançar a maçaneta da porta, mas ele foi mais rápido e puxou-me pelo pulso. O meu corpo foi pressionado contra a parede do escritório e os seus lábios foram se aproximando dos meus.
Quando dei por mim, já tinha partido uma jarra de flores na sua cabeça. Nem sabia ao certo onde tinha arranjado aquilo. Sangue escorreu por entre os meus dedos, acho que me tinha cortado, ou então era dele mesmo. Empurrei-o com força e abri a porta, saindo dali, com pequenos passos para trás. - N..Nunca mais me volte a tentar tocar.

- Oh meu Deus! - ouvi alguém gritar atrás de mim. - Senhor diretor, o que se passou?! - uma das secretarias aproximou-se dele e com a ajuda de um professor, levantou-o. Foi aí que dei conta de quem me segurava. Afastei-me de imediato. - O que é que.. o que é que.. fazes aqui?!

Eu não precisava da sua ajuda. Eu não queria a sua ajuda. Aliás, tudo o que queria naquele momento era distância de si. Afastei-me novamente, desta vez, de forma mais brusca. - Não me toques. Desaparece.

Ela estava a passar-se. Eu estava apenas a tentar ajudá-la - Nem sei porquê que me dei ao trabalho sequer... - Agora quem estava chateado era eu. Virei costas.

- Não preciso que te dês ao trabalho. - revirei os olhos. Quanto mais distantes estivéssemos, melhor. Não ia deixar que velhos sentimentos viessem ao de cima. Não depois de todo o sofrimento que ele causou. - Quando voltares para a sala, avisa a Angel para ir embora. - agora sim, não ia deixar a minha filha naquele sítio. E tinha a certeza que Matthew não me ia impedir disso.