Cozinha

Sorri agarrando na sua mão e, sem lhe responder, levei-a até à cozinha, onde a minha mãe cozinhava. - olá mãe - cumprimentei-a com um beijo na bochecha e ela sorriu, fazendo-me baixar para me dar um na testa, reparando depois na minha companhia. - Esta é a Skyler - apontei para ela e ri-me.
-A Skyler! - ela aproximou-se dela para lhe dar dois biejinhos - já te conheço mais do que possas imaginar, o Dean não pára de falar em ti - disse ela voltando para os tachos.
-Eu avisei que ele estava apaixonado - encolhi os ombros.

-Não, o Dean não disse nada de mal sobre ti, só coisas boas - disse e apontou com o queixo para a sala de jantar - vão, eu já vou pôr um prato a mais na mesa, o jantar está quase pronto. - virei-me para Skyler e revirei-lhe o olhos enquanto a conduzia até à sala de jantar.
-Não és nada convencida, pois não? - perguntei num tom irónico.

Assim que chegámos a minha casa percebi que estava completamente vazia. A minha mãe devia estar a trabalhar e havia um bilhete de Karen a dizer que ia passar a noite com uma amiga. Eu nem sabia se havia de acreditar, mas não fiquei muito preocupado, amanhã teria uma conversa séria com ela. Deixei que o meu irmão fosse brincar para as suas coisas enquanto eu pensava no que ia fazer para jantarmos - o que é que te está a apetecer? - perguntei.

Também não havia muita escolha. Fui até ao frigorífico buscar arroz e preparei a carne já descongelada para fazer bifinhos de perú. Encostei-me ao balcão quando tudo o que restava era esperar e estiquei a minha mão até à de Sky, puxando-a para mais perto de mim - Sabes do que é que eu ando curioso de ouvir? - perguntei de forma retórica - dos teus amores - disse num tom irónico, rindo-me de seguida.

Levantei as sobrancelhas face à sua resposta. - Não há muito para contar? - perguntei semicerrando-lhe os olhos mas logo sorri - eu só tive uma namorada - encolhi os ombros e fiz uma careta - acabei por traí-la - disse calmamente - por isso é que nunca mais tive nenhuma. Assim toda a gente sabe que ando com toda a gente e ninguém me julga por não levar o amor a sério - disse as ultimas palavras num tom meio irónico.

Mordi o lábio, assentindo. Fiz uma careta ou ouvi-lo.
- Penso que essa desculpa não faça sentido nenhum. Pelo menos para mim. - suspirei e olhei-o por momentos. - Também tive um namorado. Ele deixou-me, já depois de me ter traído. Mais do que uma vez. - abanei a cabeça e suspirei. - Ele é um idiota profissional. E nunca gostou realmente de mim. Depois de ter o que queria de mim, foi-se e ainda se gabou e me rebaixou. Adorei saber que ele foi enganado pela rapariga que estava interessado, meses depois. - olhei Evan e sorri debilmente. - Não penses que sou má pessoa. Mas ele magoou-me de uma maneira que me fez odiá-lo. - encolhi os ombros levemente.

-Não faz sentido nenhum? Preferes que namore com raparigas que não goste como devia gostar e as esteja a enganar? - perguntei e encolhi os ombros, encostando-me ao balcão enquanto ela me explicava o que lhe tinha acontecido. Já sabia que tinha tido um namorado, ela já o tinha dito antes. Levantei as sobrancelhas e acabei mesmo por rir - não és má, eu também me rio das desgraças dos outros - brinquei.

Olhei Evan e assenti.
- Chegará o dia em que vais gostar mesmo de alguém e, quando esse alguém também te corresponder, vais querer algo sério. Livre de traições e enganos. E tu vais ser capaz de não trair, porque vais amar a pessoa.
Encolhi os ombros levemente.
- Uma pessoa já me acusou de ter sido maldosa por ter sentido alívio ao vê-lo sofrer. E ainda me disse que não sabia como é que eu ainda acreditava que ia encontrar uma pessoa que gostasse mesmo de mim. - fiz um sorriso torto mas triste. - Ela até pode ter razão. Se calhaar nunca vou encontrar ninguém que goste. Mas prefiro acreditar nisso do que deixar de acreditar no amor. S meus pais fizeram-me acreditar. - encolhi os ombros levemente.

-Sim, e quando esse dia chegar vou ter uma namorada, agora não penso nisso - disse com uma careta. Ter sido julgado por ter magoado a miuda já me tinha bastado, não queria fazê-lo outra vez, até porque para além de julgado tinha ficado com um certo peso na consciência quando a tinha visto chorar.
Juntei as sobrancelhas, não compreendendo bem a pessoa que lhe tinha dito aquilo e toquei-lhe no queixo, afagando-lhe o maxilar - Tu vais encontrar alguém - encolhi os ombros - posso não ser a pessoa mais romântica de sempre mas eu acredito no amor, porque é que tu não haverias de acreditar. - dei-lhe um leve beijo na ponta do nariz.

Sorri-lhe levemente.
- Assim já faz sentido. - brinquei.
Mordi o lábio inferior e assenti levemente.
- Se não encontrar, já não serei uma freira pura. - ironizei e depois ohei para ele, sorrindo-lhe. - Vais queimar a comida. - avisei e dei-lhe um leve beijo nos lábios.

Volto à hora de almoço

-Todo eu faço sentido - disse com um ar superior e convencido, rindo-me de mim próprio logo de seguida.
-Mas vais - encolhi os ombros e fiz uma careta com o que ela disse, olhando para o fogão apressadamente - a culpa é tua - virei-me para o mesmo e comecei a tirar a comida.

Não comentei quando me chamou de convencido, às vezes era, outras vezes só gostava de gozar. -Sou mau para ti? - perguntei com um sorriso divertido - se fosse mau para ti não te tinha convidado para almoçar, sem a Karen por perto, que por acaso até tiveste sorte de ela não estar - preparei os pratos e fui levar tudo à cozinha. - Dean, almoço - chamei agarrando na mão de Sky para a puxar até à mesa.

Fiz uma careta abanando a cabeça rapidamente - ela não está aqui a morar, está a passar um tempo, não quer dizer que mando, sou eu quem decide quem é que posso ou não trazer para minha casa, por isso ela não tem nada que ficar satisfeita ou não
Sentei-me sorrindo de forma malandra com o que me disse - é para não pegar noutras coisas. - comentei vendo o meu irmão chegar e comecei a servi-los

-Ela está aqui a viver por um tempo, mas não é ela que manda na casa - sorri-lhe e abanei a cabeça para responder à sua pergunta - eu e ela não temos nada, ela pode estar grávida mas não namoramos pois não? Ela não tem nada à ver com o que eu faço contigo. Até porque não estamos a fazer nada de mal, ou estamos? - Semicerrei os olhos quando ela abriu a boca de espanto, fingidamente, e olhei para o meu irmão - estão aqui menores, está bem? - ri-me vendo-o pregar no garfo para começar a comer, sem ligar a muito do que diziamos.

- Nunca se sabe se estaremos a fazer algo de errado. - provoquei-o e ri-me. - Depende de como a pessoa encara as coisas. O certo e o errado podem ser relativos, portanto... - pisquei-lhe o olho.
Começamos todos a comer.
- Se não podes responder é porque o que ias dizer não é apropriado. - brinquei e olhei-o. - Mas eu vou querer saber. - sorri-lhe inocentemente.

Levantei as sobrancelhas enquanto ela me respondia de forma filosófica e complexa, e quando as suas palavras fizeram sentido na minha cabeça, levei um bocado de carne à boca - Não me lembro qual era o filósofo - ri-me - mas ele acreditava que os atos só são maus quando magoa a maioria das pessoas. Eu acho que tu estares aqui a almoçar connosco não vai magoar muita gente. - pisquei-lhe o olho, tal como me tinha feito a mim. - Eu por acaso digo algo que seja apropriado? - perguntei com um sorriso malandro. - se fazes questão...