Bar de Strip

Passaram-se alguns dias. O facto era, que nunca mais vira Trevor, nem nunca mais o procurara. Era estranho, porque de alguma forma, até que me tinha habituado a ele. Apesar de todas aquelas críticas, daquele seu ar frio e autoritário, gostava da sua companhia.
Lá em casa, o ambiente continuava tenso, mas de certa maneira, mais calmo. Continuava a não aceitar aquele namoro entre o meu irmão a minha melhor amiga.
O meu aniversário chegou. Eu completaria os meus dezoito anos. Devia estar ansiosa, mas não era nada assim que me sentia. Seria um aniversário diferente de todos. Pela primeira vez, não o passaria com Will. Isso deixava-me triste. Andara o dia todo longe de casa, saíra cedo, só para não o encontrar. Nem sequer queria pensar, se ele convidasse Maya para passarmos os três aquele dia. E depois quando anoiteceu, encontrei umas colegas no bar, onde costumava dançar e acabaram por me convencer a festejar noutro sítio. Só não estava à espera que fosse num bar de strip.

A carga horária no conservatório estava diminuída agora que havia menos aulas. Eu não tinha muito que fazer, por isso dediquei-me a investir nas minhas performances. Muita dança e um pouco de strip. Eu deixava as mulheres loucas por ali e apreciava isso.
Era um pouco para me mostrar, admitia. Para um homem como eu, isso fazia sentido.

Estava à espera da minha altura de entrar. Eu era o performer principal. Já as ouvia gritarem o meu stage name "Monster".

Aquilo era um local completamente diferente do meu habitat natural. Nunca entrara ali, nem sequer imaginava que alguma vez o ia fazer. E não me sentia bem, estar no meio daquelas mulheres todas a gritarem por homens que.. err.. sei lá.
Quando apresentaram um dos rapazes, aproveitei a distracção das minhas amigas para tentar achar a saída. Já as tinha ouvido dizer, que tinham contratado um desses rapazes para dançar para mim e.. fazer outras coisas.. Não obrigado. Só queria sair dali. Mas com tanta gente, acabei por entrar numa área que parecia de sessões.. hum.. mais privadas.

Eu actuava para VIP's, pelo menos esta noite. E tinham-me requisitado para uma câmara em especial. Entrei, as luzes estavam baixas mas eu distinguia uma silhueta feminina.

Eu não encontrava a saída e começava a entrar em pânico. Não devia estar ali. Perguntava-me mentalmente o que me dera na cabeça para passar o meu aniversário com aquelas raparigas. Porque é que não ficara em casa?!
Aquela área estava tão escura. Às tantas acabei por ir contra alguém. Quase que soltei um grito de susto.

Aproximei-me ao ponto de chocar contra a mulher. Uma música começou a tocar, era a minha deixa. O meu tempo ali era apenas para vinte cinco minutos.

Uma música qualquer começou a tocar. Oh não, onde é que me tinha metido? As luzes suavizaram um bocadinho, mesmo assim continuava escuro. Eu podia ver bem a silhueta do rapaz e a minha face ardia. Afastei-me rapidamente dele. Agora além de tentar achar a saída daquele bar, tinha que achar a porta daquele quarto.

Eu tinha apenas uma calças pretas vestidas porque entretanto tirara-a a parte de cima. Como vi que a mulher não estava concentrada - como, não sabia - por isso desci e rodei-a. Consegui alcançar a sua mão e passei-a pelos meus abdominais.

What the fuck.. era só isso que tinha a dizer. Fiquei alguns segundos sem reagir. E quando voltei a mim, afastei a minha mão e empurrei-o. - Deixa-me caramba! - quase berrei.

Mas que cena era aquela? Uma púdica? Odiava quando essas apareciam, vinda sabe-se lá de onde. Só então percebi que conhecia a voz - Aixa?

Aquela voz.. - Trevor? - olhei para a sua silhueta e dei uns passos atrás. Estava chocada, de queixo caído. O que é que ele estava ali a fazer? Ele dançava ali? - Wha.. Tu trabalhas aqui?

Porra. Era mesmo ela. Uma noite de trabalho perdida.
- Sim, trabalho - respondi - O que é que estás aqui a fazer?

Trevor era a última pessoa que eu queria ver ali. - Certo.. - aquilo era difícil de responder. Nem eu sabia o que estava ali a fazer. - Nada de mais.. vim praticamente parar aqui por engano. E agora estou a tentar achar a saída.

Algo na minha cabeça fez luz e lembrei-me de ela dizer-me há uns tempos atrás que não faltava muito para fazer os seus dezoito anos. Só podia ser isso. O seu aniversário - Não vais a lado nenhum - disse e rodeei a sua cintura com o meu braço. Puxei-a para mim.

Não percebi ao certo o que ele queria dizer com aquilo. O meu corpo embateu no seu, mal me puxou. Fazia coisa de um mês, que não o sentia. Engoli em seco e tentei afastar-me. - Trev.. Trevor.. deixa-me ir.

- Não... - Foi tudo o que disse, num tom duro e ribombante. Puxei-a melhor e colei os meus lábios aos seus e beijei-a como nunca antes tinha beijado.

Depois de alguns minutos a tentar ripostar, afastar-me do seu corpo, rendi-me nos seus braços e intensifiquei o beijo. As minhas mãos percorreram o seu peito desnudado.

Eu sabia que aquilo ia resultar. Tinha que resultar. Agarrei nela pela cintura e encostei-a contra o palco. O meu corpo fazia pressão contra o seu.

Gemi contra os seus lábios. As minhas pernas depressa envolveram os seus quadris. O meu corpo entregava-se a ele, no entanto, a minha mente tentava a todo o custo, voltar à consciência. - Tr.. Trevor.. hum.. por favor..

- Por favor o quê? - As luzes podia estar baixas mas eu podia ver claramente o seu rosto. Ela estava corada - Diz-me que não. Diz-me que não queres e eu páro mas sê convincente.

Senti-me um tomate, quando ele disse aquilo. O meu coração pulsava rapidamente. Naqueles poucos minutos, senti-me ofegante. Eu não queria que ele parasse.
Olhei para todos os lados, menos para os seus olhos. - Eu.. eu.. não gosto deste sítio. E depois, eu disse-te, só vim parar aqui por engano. - engoli em seco.

Ela não me dissera um não a mim, mas a tudo o resto - posso levar-te para o sitio certo. vamos para minha casa - murmurei ao seu ouvido até depois lamber o lóbulo da sua orelha sedutoramente.

Estremeci com o seu toque e engoli em seco. - Está.. está bem. - quase solucei. Afastei-me do seu corpo e procurei a porta da saída. Um arrepiou percorreu o meu corpo.
As minhas colegas interceptaram-me. Eu apenas inventei uma desculpa, dizendo que não me sentia bem, mas agradecia pela tentativa de me darem um bom aniversário. Antes disso, ainda me abraçaram e desejaram-me as maiores felicidades e que tivesse uma noite feliz. Isso fez o meu corpo arder. Feliz.. er..

Não passava desta noite, pensei. Fui apenas agarrar na minha roupa e indiquei-lhe a saída mais discreta. Fomos para o meu carro e depois seguimos para minha casa.

encerrado.