Parque

Primeiro, arqueei as sobrancelhas, confuso. Depois é que percebi. Tanta coisa, que me tinha esquecido de lhe perguntar o nome - Ah - deixei sair e pus a mão na nuca da cabeça - Hmm... - gaguejei. Estava tão perdido que nem sabia o que responder - Ah, Jason! - conclui finalmente e fiz um sorriso atrapalhado.

Okay, com esta cena super simples, o rapaz tinha ficado todo atrapalhado. Não disse nada durante algum tempo. - Prazer. - acabei por dizer sem saber muito bem o que dizer.

Repeti novamente o sorriso trapalhão e escolhi uma mesa para nos sentarmos. Achei que uma à sombra estaria bem, visto que o sol era forte e ela parecia demasiado pálida para o apanhar. Pelo sim, pelo não, confirmei - Esta está bem? - perguntei, pousando o telemóvel e a carteira.

Sentei-me na mesa à frente do rapaz e pousei também as minhas coisas. Estava a olhar para as pessoas que passavam quando me interregou. - Sim, estou, porque? - perguntei, e dito isto o empregado de mesa apareceu.

Arqueei as sobrancelhas. Ela não tinha percebido a minha pergunta, ou eu estava parvo de todo? Não importou mais, porque fomos interrompidos pelo empregado. Sentei-me e olhei para ela, fazendo sinal para pedir o que quisesse.

- Um cafe, por favor. - acabei por pedir ao empregado que me olhava e voltei a olhar o rapaz esperando que o mesmo pedisse.

Acenei com a cabeça - São dois, por favor - pedi, baixinho e, quando o rapaz se foi embora, olhei de novo para a rapariga que agora podia chamar Julianne. - Então... - tentei travar conversa e, como sempre, correu mal. Era demasiado confuso neste tipo de situações.

Fiquei a olhar para ele à espera que dissesse mais alguma coisa, mas passou bastante tempo e nada. Estranho, muito estranho, de facto. - Então...? - repeti as suas palavras na esperança que continuasse.

Tive menos de dois segundos para pensar em alguma questão, de forma a não parecer nenhum anormal. Finalmente, cheguei à mais básica de todas - Então, és daqui? - perguntei, começando de novo como se nada fosse.

Nem sabia muito bem o que lhe responder. - Agora sim. - acabei por dizer sem me justificar cois que nao iria fazer. - E tu? - estava cá à cerca de um mês e nunca o tinha visto, na verdade.

Quando ouvi o "e tu" sorri por dentro, mas consegui controlar-me. Agora sim, podia aproveitar para me armar um bocadinho. Ela é que tinha perguntado, nem ia mencionar nada se não viesse à conversa. - Vivo na parte dos presidentes - respondi naturalmente, esforçando-me para não parecer nada de importante. Havia raparigas que me odiavam automaticamente quando descobriam quem eu era, mas isso era raro. A maioria era simplesmente interesseira.

Fiquei um pouco surpreendida quando ele disse aquilo, não parecia nada. Encolhi os ombros sem ligar minimamente. - Fixe. - disse sem o minino interesse e por minha sorte, apareceu o empregado de mesa com os cafés.

Tenho de admitir que tinha ficado desiludido com a sua resposta. Mesmo aquelas que me odiavam mostravam-se curiosas depois de eu dizer aquilo. Mas pronto, tudo bem. Haveria mais oportunidades. - Obrigada - agradeci ao empregado e abri o pacote de açúcar para pôr no café.

Agradeci também ao empregado com um pequeno sorriso. Coloquei, de seguida, o conteudo do pacote de açúcar no meu café e comecei a mexe-lo, sem dizer nada.

Mexi devagar o açúcar e esperei que ela dissesse alguma coisa. Como isso não aconteceu, falei eu, retomando o assunto de há pouco, desta vez com o simples objetivo de fazer alguma conversa - Suponho que nunca tenhas ido lá? - interroguei

Neguei com a cabeça respondendo à sua pergunta. - Não, não é coisa que seja do meu interesse, se queres que te seja sincera. - acabei por dizer encolhendo os olhos e bebericando o café depois.

Claro que ela lá não tinha ido. A não ser que tivesse uma relação qualquer com algum de nós, que duvido, porque nunca a tinha visto lá e devo dizer que é um sítio bastante pequeno. Eu já sabia a resposta dela, obviamente, mas a miúda não me deixava falar com ela de outra maneira. Era muito mais seca a falar do que aquilo que o seu corpo parecia mostrar. Mais uma vez, o físico tinha me enganado - Ah. É bonito. - comentei só. Queria pagar-lhe na mesma moeda, mas não era capaz - E a Golden, já foste?

Voltei a negar com a cabeça para responder À sua pergunta. - Não, ainda não sai daqui, estou aqui à pouco tempo. - disse logo antes que eles fosse perguntar pela outra vila também.

Lá estava onde eu queria chegar. Tinha agora a melhor oportunidade de sempre, não a podia desperdiçar - Se quiseres, levo-te lá, à Golden. Dou-te uma visita guiada pela Fundação e tudo... - sugeri, calmamente. Ela parecia tão inocente e culta que decidi acrescentar a parte da fundação, para ela não pensar que a ideia era "mais café e sexo". Há que fazer uma aproximação, primeiro.

Sorri sem saber muito bem o que dizer. Mas porque raio tinha de ser assim? o rapaz só estava a ser simpático. - Um dia. - acabei por dizer e acabei também o meu café.

Uau, finalmente uma simpatia. Se calhar ia chover. - Devíamos combinar isso melhor, a sério - continuei a tentar convencer. Ela tinha ficado bem disposta de repente, tinha de aproveitar, no final de contas. Eu sabia que aquilo da fundação ia dar resultado. - Olha, tira o telemóvel e fica com o meu número 

Fiquei um pouco à nora sem saber se havia de ficar com o número dele ou não, mas lá acabei por tirar o telemóvel, desbloquea-lo e passar-lho para que escrevesse o seu número. - Escreve ai..

Escrevi rapidamente o meu número e entreguei-lhe o telemóvel - Pronto, aqui está - disse, sorridente, desta vez sem trapalhice nenhuma. - Queres que te leve até casa? - isto sim, podia ser visto duma forma mais longínqua. Claro que não era o meu objetivo. A não ser que ela quisesse.

Esperei que ele me dissesse o nome para guardar no telemóvel mas pelos vistos tinha-se esquecido que ainda não se tinha apresentado. - Ahmmm... como te chamas? - acabei por perguntar meia envergonhada. - Hum, deixa estar, eu vou continuar a minha corrida. - disse numa tentativa de arranjar uma desculpa, e pelos vistos, sai-me bem, coisa que já estava de certo modo habituada a fazer.

Afinal ela estava muito mais atrapalhada que eu, porque a apresentação já tinha sido feita - Jason, Jason Combs - repeti, e desta vez incluí o apelido. Assim ela podia reconhece-lo de algum lado. No entanto, isso não aconteceu, visto que fui desprezado e ela continuou a sua corrida. Dirigi-me ao balcão para pagar os cafés e, tendo quase a certeza que ela não me ia mandar a tal mensagem, dirigi-me de novo para casa.