Hospital

Depois de o rapaz ter sido transportado para o hospital, foi logo para um quarto e foi ligado a diversas máquinas e fios, enquanto tentavam fazer as análises que podiam. Concluiu-se que Nate estava em coma profundo, vitima da queda e da falta de oxigénio no cérebro.

Uma semana... Duas semanas... Três semanas... Quatro semanas... E a posição de Nate continuava a mesma. Deitado sobre a cama, sem mexer um único músculo que fosse e completamente alheio a quem entrava e saía do quarto onde estava. Não que ele soubesse, sequer, que estava num quarto.
De repente, parecia que o corpo do rapaz começou a relembrar como havia de funcionar.

** Nate on **
Tentei piscar os olhos. Permaneci com eles abertos cerca de meio segundo, voltando rapidamente a fechar pela luz forte. Voltei a tentar. E outra vez. Até tentar piscar os olhos normalmente, o que se tornava complicado. Doía-me a cabeça e o braço e eu sentia-me completamente desorientado, sem saber onde estava.
Mexi a cabeça uns centímetros para olhar para o lado, onde sentia uma presença. Semicerrei os olhos para focar a visão.
- Ev... - chamei baixinho, ao vê-la de costas, virada para a janela.

Vi o seu vulto aproximar-se e depois fiz uma careta.
- Não estejas tão aliviada. - disse lentamente e depois arqueei o sobrolho. - Estás menos grávida. - disse confuso. - Fui eu que tive o bebé, afinal? - fiz uma pequena careta face à minha tentativa de piada e olhei o meu braço, vendo-o como se tivesse sido queimado. - Ahm, Ev... - chamei. - O meu braço. - continuei, sempre com um discurso lento e baixo.

Arregalei os olhos quando ela se afastou rapidamente e abanei a cabeça, mais confuso do que antes. Observei-a pelo canto do olho a sair do quarto e depois tossiquei, sentindo a garganta seca, dorida e arranhada.
- Hmm... - murmurei, tentando alcançar a água que estava sobre a mesinha. Uma tarefa nada conseguida. - Christa... - chamei baixinho quando ela entrou. - Água. - pedi, vendo-a a olhar para mim. Correu para abraçar-me e eu arregalei os olhos. - Por favor... - voltei a pedir. Ela acabou por afastar-se e ajudar-me a beber água.

Passado um bocado, um médico entrou, acompanhado de Ev.
- Que dia é hoje? - perguntou-me o médico.
Mordi o lábio inferior enquanto pensava.
- Sexta feira. - respondi. - Quinze de março de dois mil e onze.
Christa arregalou os olhos.
- É dia dezasseis? Oh, desculpem. - pedi, tossindo a meio do discurso.

- Também precisava de água. - murmurei, suspirando por ter os tubos na minha cara outra vez. Aquilo era irritante.
Olhei para o médico.
- Incêndio? Hm? - perguntei, voltando a tossir depois. - Pode ser quando... - fiz uma pausa para respirar. - estiver menos tonto?

Aceitei a sua ajuda a beber água e depois olhei na direção que ela apontava.
- Christa. - respondi, encolhendo os ombros levemente. - Eu o quê? - perguntei.

Semicerrei os olhos.
- Every. - respondi, passado um bocado. - Estás diferente, mas sim. - olhei o médico que pediu que todos saíssem do quarto.

Arqueei o sobrolho com o que ela disse e depois de ela sair, o médico começou a fazer-me perguntas e análises.
- Dois mil e catorze? Ah? - perguntei lentamente. - Um mês em coma? - arregalei os olhos.
O médico permaneceu comigo a explicar-me o que se tinha passado.
- Mande só a minha mãe. - pedi quando ele saiu e, depois de ela entrar, fiquei com ela durante algum tempo até ela ir chamar quem estava lá fora.

Olhei para a rapariga.
- O médico disse-me que... - semicerrei os olhos. - Não sei. - encolhi os ombros. - Explicou-me coisas. - encostei-me na almofada e fiz uma careta.
Uma criança subiu para a minha cama e disse o meu nome, todo animado. Olhei-o, confuso.
- Desculpa. - pedi ao miúdo. - Não me lembro quem és.

Arregalei os olhos.
- A minha quê? - perguntei e depois tive um ataque de riso que me deixou sem ar. - Desculpa. - pedi, chocado. Olhei para Wade e Christa, à procura de alguma coisa de suspeita, mas eles estavam normais. - É verdade? - arregalei os olhos mais uma vez.
- É, penso que sim. Não tornaste oficial. - respondeu Wade.
- E a Ev? - perguntei, agora para Christa.
- A Ev... - começou e vi a minha mãe pegar em Colin e sair. - A Ev morreu, Nate. - abri a boca mas ela interrompeu-me. - O bebé também. Ela não chegou a ter o bebé.
- A Ev... - voltei a repetir, sentindo o meu corpo a tremer e o ar a faltar-me.

Abanei a cabeça quando senti mãos a tocarem-me.
- Afastem-se. - pedi um bocado bruscamente, sem noção de quantas pessoas me tocavam realmente. - A Ev... - abanei a cabeça e olhei Christa, vendo-a desfocada.
- Nós depois falamos, Nate. Quando estiveres melhor. - disse-me.
Abanei a cabeça, de olhos arregalados, sentindo-me desorientado.