Hospital

Mais um dia para a minha rotina de enfermeira. Eram oito da amanhã e eu tinha saído a meia noite, estava de rastos.. Entrei e fui-me fardar rapidamente, hoje calhava-me ir fazer analises a uma série de pacientes, e a lista não era pequena!

Depois de me ter magoado no matadouro e feito um corte bastante feio nos bíceps, o meu patrão disse-me que só voltaria a trabalhar depois de fazer análises e ver se estava tudo bem. Para despachar logo isso, visto que em Mine Meadons já estava tudo cheio para hoje, tive que me dirigir ao hospital de Bluerivers. Esperei cerca de meia hora até me chamarem para entrar no consultório.

- Robert Lannister? - chamei através do auscultador que dava acesso à sala de espera do hospital. Acabei por me levantar e ir até à porta do consultório para ver onde andava o tal rapaz.

Revirei os olhos ao ouvir o meu nome completo, mas não fiz nenhum escândalo apenas me sentei na cadeira, como era usual fazer-se. - É Robb e eu não gosto de agulhas no meu corpo, por isso seja rápida - disse quando senti uma presença perto de mim.

Comecei a preparar as coisas.. nomeadamente ir buscar um frasquinho para colocar o sangue e uma agulha nova. - Podes tratar-me por Julianne se precisares de algo. - disse, sendo que o rapaz era mais novo que eu, enquanto retirava as coisas do pequeno armário ainda de costas para o rapaz.

Levantei as sobrancelhas, admirado com a voz jovem de quem me estava a falar e virei a cabeça para trás, para ver uma rapariga loura de costas para mim. Definitivamente estava à espera de uma gorda com um rabo enorme quase a saltar das calças da farda, mas não, até era bastante bem feitinha, esta. Ia ter que passar mais vezes por Blueriver. - Acho que vou precisar de muitas coisas, Julianne - sorri maroto.

Levei todas as coisas que precisava até à mesa onde ele estava, e só ai é que o olhei. - Que tipo de coisas? - perguntei com o ar mais profissional de sempre enquanto tirava a agulha do seu saquinho esterlizado.

Estiquei o braço, tendo um arrepio quando vi a agulha na mão dela. Definitivamente, aquilo era horrível. - Do tipo "beijinhos de preparação" porque detesto agulhas, especialmente quando estão enfiadas no meu corpo - disse com um ar sofrido, encostando a cabeça à cadeira reclinavel. Sangue era como o outro, via-o durante todo o dia, mas agulhas...

Fiquei um bocado sem saber bem o que dizer quando o rapaz disse aquilo. - Já devia ter trazido essa preparação lá de fora. - acabei por dizer. - Vira a cara. - pedi, pronta para lhe tirar o sangue.

Eu adorava meter-me com as pessoas e com ela, provavelmente nunca mais a via. -Se eu posso chamar-te Julianne, porque é que não me podes tratar por tu? Eu não sou assim tão velho - gozei e fiz uma careta, virando a cara, porque era mesmo o melhor a fazer.

Suspirei lentamente sem que desse muito a entender que o tinha feito e acabei por lhe espetar a agulha e começar a retirar o sangue aos poucos.

Fiz uma careta quando senti a agulha a perfurar-me o braço, mas fiquei calado durante esses meros segundos em que ela recolhia o meu sangue. - Quando é que está tudo pronto? - perguntei num tom mais sério, queria recomeçar a trabalhar o quanto antes, a minha mãe também estava doente e eu não me podia dar ao luxo de tirar férias agora.

Guardei o sangue dentro do fraquinho e acabei por preencher o resto dos papeis que eram necessários para o mesmo ir para analise. - No máximo três dias. - informei-o. - Mas depois avisamos por telefone. - acrescentei.

Levantei-me depois dela se afastar com aquela agulha enorme e o meu sangue e fui ter com ela, com o mesmo sorriso de antes. - Vais ser tu a telefonar-me? - perguntei apoiando-me na bancada.

O que que me tinha calhado na rifa... - Não, deveram ser pessoas do atendimento. -e ainda bem disse com o meu melhor sorriso.

Levantei ambas as sobrancelhas com o seu sorriso. - Se não estivesse no teu local de trabalho também me tratavas assim? - perguntei fingindo-me, muito bem, de ofendido devido ao desprezo que me dava. - Eu só a ser simpático.

Encolhi os ombros um pouco indiferente. - Depende da situação. - gargalhei um pouco. - Mas porque? - perguntei enquanto mexi nuns papeis.

-Depende da situação? Depende como? Se o rapaz é giro ou feio? Porque se não desprezares os giros, eu sou giro - disse com um sorriso e encolhi os ombros, agarrando nos papéis que lhe tinha dado no início. Olhei para a fila de pessoas que havia para tirar análises e fiz uma careta - e acho que não vai aparecer alguém tão giro como eu nas próximas horas, por isso diverte-te.

- Acho que a palavra 'giro' não é a mais indicada. - disse sem o quer ofender. - Talvez 'convencido' seja a palavra ideal para ti. - acabei por dizer, certa do que tinha acabado de lhe chamar. Olhei também para a fila de pessoas e não disse nada, nunca mais acabavam, era apenas o que eu pensava!

Fiz um sorriso mais forçado, por praticamente ter dito que não era giro. - Sou as duas coisas - disse abrindo a porta por completo, para que a próxima pessoa entrasse - boa sorte com os velhinhos - desejei rindo-me. Agora tudo o que precisava era de um café, tinha sede e para não variar, estava com dores no braço e na perna, onde me tinha aleijado.

Nada disse e o rapaz foi-se embora e entrou o meu próximo paciente. Assim foi, até às quatro da tarde, ora em que saia.
Mudei de roupa e agarrei na minha mala, indo beber um café no café mais próximo, entre a minha casa e o hospital.

Encerrado.

-Na verdade, tenho mais coisas para fazer do que realmente pensas - disse. Desci o espelho, olhando para o ferimento que tinha acima da sobrancelha e fiz uma careta ao senti-lo arder. Não precisava de ir para o hospital para desinfeta-lo, mas já que insistiam os dois não podia fazer nada, o meu irmão conseguia ser mais persistente que toda agente ali junta, apesar de falar pouco. -Chegámos, já podes ir - assim que fosse eu ia embora.

Revirei os olhos e cruzei os braços, arrependendo-me mais o fiz, porque ao dobra-los, o que estava mais ferido, latejou logo. Suspirei juntando-o apenas ao peito e agarrei na mão do meu irmão, com o braço bom. - Está bem, mas tu pagas. - encolhi os ombros.

desculpa a demora, agora vou estar mais presente