Hospital

Olhei lá para fora pela janela oposta ao lugar dele, pelo que não tinha que o olhar.
- É bonito lá. - disse baixo, sem dar a entender que tinha lágrimas a escorrem-me pela cara.

Assenti positivamente - eu sei, eu ia lá muitas vezes - respondi baixinho olhando para ela. - e então... se queres ajudar - engoli em seco - podes visitar o meu irmão, ele ainda não me fala - olhei-a.

Assenti.
- Eu passo por lá. - encolhi os ombros levemente e fechei os olhos. Fingi esfregar os olhos para limpar as lágrimas.

Mordi o lábio inferior com força e abanei a cabeça, mas não me consegui controlar. - O que é que se passa? - perguntei. - porque é que estás a chorar? - continuei. Ela podia disfarçar, mas a sua voz ficava mais anasalada e a forma como esfregava os olhos não era normal.

Olhei para ele.
- Não estou a chorar. Não se passa nada. - encolhi os ombros e cobri-me melhor.

-Eu conheço-te, escusas de me mentir - acabei por suspirar por me estar a mentir à descarada - mas tudo bem, não me contes - encolhi os ombros e comecei a sair, calmamente, da cama.

- Não interessa se estava a chorar ou não. Não tem importância. - revirei os olhos. - O que pensas que estás a fazer, Evan? - perguntei quando ele se tentou levantar da cama.

-Como queiras - respondi no mesmo tom baixo. Não a queria chatear mais com isto tudo, já a tinha obrigado a ficar ali. Olhei-a de sobrancelhas levantadas quando me perguntou o que estava a fazer - a levantar-me. - respondi.

Assenti e revirei os olhos.
- Isso vi eu. Mas o que é que tu queres? Ir à casa de banho? Mandar-te da janela? Cair no meio do chão?

Fiquei a olha-la com o mesmo ar, de sobrancelhas levantadas, com ar de interrogação - provavelmente as três coisas - respondi simplesmente - mas não vou fazer as duas últimas por isso não precisas de ter medo, vou continuar como estou.

Abanei a cabeça.
- Senta-te. Estás sobre efeito de comprimidos, ainda cais. E caso não tenhas reparado, não tenho força para te caregar.

Sim, eu não estava na minha melhor forma, estava mais atordoado em pé que deitado, mas devia conseguir andar. - Só vou à casa de banho, é aqui ao lado, não me vai acontecer nada - garanti agarrado à cama e caminhei devagar até à porta.

Suspirei e levantei-me, agarrando-o no braço bom.
- Entras sozinho. Demoras mais de cinco minutos e eu chamo médicos. - avisei.

Com o braço bom agarrei no fio que fazia o soro vir atrás de mim e agarrei-me também a Sky, olhando-o. - E eu a pensar que querias ajudar-me - sorri levemente para aliviar ligeiramente o ambiente que ultimamente tínhamos.

Abanei a cabeça.
- Isso era o que tu querias. - encolhi os ombros e abri a porta, ajudando-o a ir até à da casa de banho.

-Não te preocupes, não vou morrer numa casa de banho - garanti. Fechei a porta depois de entrar e suspirei. A minha cabeça não estava muito bem, eu arriscava-me a dizer que estava a ficar maluco. Agarrei-me ao lavatório olhando para a minha cara e percebi o que ela queria dizer com "não estás muito bem". O meu corpo todo podia doer-me mas só assim é que eu percebia que estava mesmo mal. Tinha uma bochecha totalmente inchada, um rasgo a um canto da testa e debaixo de um olho e o lábio também estava com um corte. nem queria tirar a camisola porque pelos pontapés que Luke me tinha dado eu nem Sabia como é que não tinha fraturado nada, ainda que me doesse a respirar fundo. Passei as mãos pela cara e saí, vendo Sky mesmo à entrada.

- Não serias o primeiro.
Encostei-me à parede quando ele entrou e fechou a porta e fechei os olhos, esperando por ele. Quando ouvi a porta a entrar, desencostei-me e olhei-o.
- Tudo bem? - perguntei-lhe.

Agora que estava de novo levantado e frente a ela não sabia o que haveria de fazer. Se continuar assim, se voltar a pedir-lhe desculpa. Suspirei baixinho assentindo à sua pergunta - só quero ir dormir - respondi começando a andar de volta ao quarto.

Voltei a agarrá-lo.
- Gostei dessa resposta. - abri a porta do quarto e ajudei-o a deitar-se. - Dorme. - encolhi os ombros e sentei-me no sofá.

Sorri levemente deixando que me ajudasse, até porque isso significava que ficava agarrado a ela e deitei-me observando-a a sentar-se no sofá. Ia reclamar, mas já sabia o que é que ela ia dizer, por isso, fechei os olhos e ao fim de algum tempo, estava finalmente a dormir.

Depois de me sentar no sofá e cobrir, fiquei a ouvir a respiração dele acalmar e acabei mesmo por conseguir adormecer durante cerca de uma hora.

Os tais medicamentos que ela tinha falado deviam ter desaparecido do meu corpo porque acordei todo partido, como se tivesse sido atropelado. Suspirei tentando mexer-me, mas percebi que era melhor não o fazer,

Ouvi movimento na cama e levantei a cabeça. Bocejei e levantei-me, pegando nos comprimidos, na água e em bolachas. 
- Toma. - disse, colocando ao seu alcance.

Olhei para o lado, sorri ligeiramente ao ver Sky e peguei no comprimido tomando-o e levando uma bolacha à boca, por não ter fome. - obrigado enfermeira - brinquei com a voz ainda ensonada.

Revirei os olhos.
- Não é o curso que pretendo tirar, mas de nada. - encolhi os ombros levemente. - Dormiste bem?