Quarto do Nate

- Eu já tomei enquanto fazia o teu. - encolhi os ombros e levei o tabuleiro para baixo, voltando depois a subir. - Eu deixo-o lá. Fica a caminho da esquadra. - fiz uma careta.
Olhei para ela.
- Depois quero que voltes para aqui. - arqueei o sobrolho.

Revirei os olhos.
- Não sejas teimosa. Alexa, para com essas coisas se faz favor.
Reparei que vestiu a sua roupa, sem tirar a minha t-shirt.
- Vais roubar-me a camisola? - gozei e encaminhei-me para o armário, pegando em roupa para vestir. Vesti algo simples e meio desportivo. - Se quiseres um casaco. - tirei um cinzento do armário e atirei-o para ela. (casaco tipo o do Roy, largo e tal ._.)

Olhei para ela.
- Parece que tomaste uma poção qualquer que te fez encolher e que as roupas não acompanharam isso, apenas as calças. - gozei com ela e puxei os lençóis da cama para cima, de forma a arrumar a cama. - Vai vestir o teu irmão e assim. Vou deixar umas chaves em cima do armário para depois voltares e conseguires entrar, caso eu ainda não esteja em casa. - encolhi os ombros. - E eu levo o teu irmão. - repeti.

Acabei por descer quando ela saiu e depois peguei em Colin.
- O Peter? - ele perguntou de repente e eu arregalei ligeiramente os olhos, encarando Alexa. Ela não lhe falara da sua situação recente com Peter e agora o miúdo estava confuso, ainda por cima depois de ela me dar um beijo.

Colin fez uma careta e depois olhou para mim, encolhendo os ombros.
- Tens cara de mau.
- Isso faz de mim mau? - perguntei-lhe com um sorriso.
- Não. - olhou para Alexa. - Xau mana. - acenou-lhe.

Depois de ir levar Colin à creche e ter que aturar a rapariga que me abriu o portão durante um bocado, fui até à esquadra. Lá, ao falar com os polícias, contei a minha versão e disse que Alexa não se encontrava em condições para falar. Apesar de compreenderem, por ser uma situação traumática, também disseram que o melhor teria sido ela ter ido falar, mas que, como tinham chegado a tempo de ver o estado dela, serviriam como provas para arranjar uns problemas aos gajos. Ainda disseram que dois deles tinham confessado que quem os tinha mandado destruir a casa era um tal de Peter e, junto com a descrição dele, perguntaram-me se eu conhecia. Acabei por responder a verdade - Peter é o ex namorado de Alexa e não agiu bem à separação.
Depois de todo esse processo, voltei para casa, levando comida que comprava pelo caminho. Constatei que Alexa não estava e, das duas uma, ou ela continuava em casa, ou então tinha ido a algum sítio, provavelmente correr ou ao ginásio.
Subi para o meu quarto e sentei-me na cama, estendendo as pernas para a frente. Liguei a televisão num canal de música e depois estive no computador, à espera que ela chegasse.

Passado cerca de duas horas, acabei por me levantar e sair. Fui até sua casa mas ela não se encontrava lá, apenas uma equipa de limpeza que ela contratara para limpar tudo.
Com um suspiro, acabei por ir até ao ginásio e via em frente ao saco de boxe, a esmurrá-lo como se ele lhe tivesse feito realmente mal. Aproximei-me e agarrei-a pela cintura sem ela contar, afastando-a do saco. Sabia que isso a podia fazer reagir e virar-se a mim, por isso estava pronto para a imobilizar se fosse necessário.
- Tens de parar, Alexa. Estás com as mãos num mar de sangue. - suspirei contra o seu ouvido e passei-lhe as mãos pelos braços calmamente, encostando o meu queixo ao seu ombro.

Não a larguei quando falou e deixei que se acalmasse e depois acabei por me rir com a sua pergunta.
- Não estavas em tua casa. - virei-a para mim e olhei para as suas mãos. - Tens mesmo que ver disto. - abanei a cabeça e suspirei, encarando-a. - Quando estou com um humor parecido ao teu, e irritado com o mundo, também é isto que eu venho fazer. Ou isto ou então estaria a bater em pessoas à sorte na rua. Sorte para mim, azar para elas. A menos que eu apanhasse alguém com uma arma e me matasse. Aí já seria azar para mim e sorte para elas, talvez. - encolhi os ombros. - Vamos embora.

Fiz uma pequena careta. Aquela ideia de sermos parecidos era demasiado estranha e eu não sabia como me sentir realmente em relação a isso, mas decidi ignorar os meus pensamentos que se direcionavam nessa direção e guiei-a para fora do ginásio, encaminhando-a para minha casa.
- Tu vais é tomar outro calmante depois de almoçares e dormir. Se quiseres, prometo nem sair da tua beira, a menos que precise de ir à casa de banho ou ir buscar o teu irmão. Ou comer. - fiz uma careta. Comer estava sempre na minha lista de prioridades, o que algumas pessoas achavam um bocado parvo. - Mas asseguro-me que deixo um bilhete se tal acontecer.

- Eu trouxe almoço, quando pensei que estavas em casa. - revirei os olhos e encaminhei-a para a cozinha. - Mas vais tomar, Alexa. Não dormiste e depois, em vez de descansares, foste partir-te toda. - resmunguei.
Fui até à casa de banho e peguei numa toalha embebida em água e um bocado de algodão embebido em alcool. Voltei para a cozinha e passei os mesmos nas suas mãos - primeiro a toalha para lhe limpar o sangue e, depois, o algodão para desinfetar.
- Senta-te. - disse, aquecendo a comida e servindo depois.

cozinha

Olhei-a.
- Eu não digo que não queira. Simplesmente achei estranho pareceres querer dizer isso quando me afastavas ontem. - fiz uma pequena careta e atirei-me para cima da cama, abrindo só parte da mesma para ela se deitar e cobrir. As persianas permaneciam fechadas quase na totalidade, pelo que estava escurinho no quarto.

Levei um dedo à sua boca.
- Cala-te e aprecia o silêncio. - disse-lhe e deitei-me por cima dos cobertores, virando-me para ela. Não sabia o que se estava a passar comigo para me permitir ficar tão próximo dela, mas também não queria afastar-me. Sentia que afastar-me era algo errado.

Suspirei.
- Não. Tu precisas de descansar. Eu vou buscá-lo e deixo o alarme ligado se te fizer sentir mais segura.
Mordi o interior da bochecha.
- Nem quero saber onde e com quem ganhaste esse vício. - revirei os olhos e observei-a a fechar os olhos.