Exterior

Revirei os olhos.
- Nem me lembro de quem é a gaja. E ao que parece devo ter-lhe dito que me chamo Kenny. - resmunguei. - Quando estou bêbado, eu mudo de nome, pelo que parece.
Semicerrei os olhos para Alexa perante os seus ciúmes e fui lá para fora.

- É, em tons de vermelho e dourado. - ironizei, revirando os olhos. Falara num tom de voz alto o suficiente para ela ouvir.
Não estava mesmo a acreditar que ela se chateara porque uma gaja qualquer, da qual eu nem me lembrava. Mesmo que eu me lembrasse, não percebia qual era o problema dela. Era uma coisa do passado.

A campainha continuava a tocar e já estava a dar comigo em louco. Quando parou, levantei-me e entrei, vendo que Alexa tinha aberto a porta e estava agora a confrontar a tal de Taylor.
- Alexa, fecha a porta. - resmunguei.

Revirei os olhos.
- Vai-te embora. - resmunguei para Taylor, completamente chateado. Peguei no telemóvel e ordenei que não a deixassem mais entrar.
Fechei a porta com força e fui atrás de Alexa.
- Chega desta porcaria. - disse-lhe quando vi que Colin já não estava na sala. - Ou tu começas a confiar em mim e a acreditar no que eu te digo, ou simplesmente podes deixar de te aproximar de mim. - cruzei os braços. Sabia que estava a ser rude e estúpido ao fazer um ultimato, mas a verdade é que eu não estava para aturar aquilo, por mais que gostasse dela.

Ri-me ironicamente.
- Tu não tens mesmo noção, pois não? Estás a ser uma idiota só porque te deixas ir abaixo pelo meu passado. - abanei a cabeça. - Ainda por cima alguém que eu nem sequer me lembro. - semicerrei os olhos. - Faz o que quiseres Alexa. Mas desta vez? É de vez, acredita em mim. Porque se eu te estou a dizer que nem sei quem a gaja é, tu devias era acreditar em mim. - fiz uma pausa. - Para além do mais, tu bem sabias que eu tenho um passado antes disto tudo se tornar no que se tornou. Não posso apagar o meu passado e se pudesse? Não o faria na mesma. Lamento. - encolhi os ombros. - Mas deixa de ser uma gaja indecisa. Ou me queres, e com a bagagem toda que isso implica, ou então afasta-te de uma vez por todas e vai à procura do príncipe encantado em que parece acreditares. Porque eu não sou nem nunca serei o príncipe encantado que tu queres. - voltei a encolher os ombros.

Abanei a cabeça.
- Ninguém te disse nada disso. Porra, Alexa, pára com as tuas inseguranças. Alguma vez me viste a dar-lhes letra? Não, não viste. Sejam fantasmas do passado ou não.
Ri-me, ironicamente.
- Estás a brincar com a minha cara, não estás? Mas tu por acaso achas que eu estaria neste ponto contigo como estou se eu não tivesse sentimentos por ti? Tu estás a brincar com a minha cara, só pode. - abanei a cabeça. - Só porque não te digo que te amo não quer dizer que não o sinta, porra. - resmunguei em voz alta. - Cada um tem a sua maneira de demonstrar sentimentos. E se tu não entendes isso, então não sei o porquê de ainda aqui estares e tentares que eu diga alguma coisa.

- Porra, Alexa. Mas tu não me viste apreciá-las. Não lhes liguei nenhuma. Achas que não estaria contigo se não te quisesse? Tu não és diversão nenhuma.
Abanei a cabeça.
- Não andava a fazer cenas como tu. Não me andaria a chatear, acusando a outra pessoa de desinteresse por mim. - revirei os olhos. - Sinceramente? Faz o que quiseres. Podes ir embora se é isso que queres. Sempre te disse que achava estas discussões sem sentido e não estou com disposição para andar a discutir por causa de gajas que andei a fazer sabe-se lá o quê mas imagina-se, das quais nem do nome me lembro porque estava podre de bêbado porque andava completamente fodido com a vida depois do que se tinha passado aqui. - resmunguei. - Vou correr. Se ainda aqui estiveres quando voltar, é sinal que viste a estupidez que esta discussão acabou de ser. - disse-lhe simplesmente e, depois de ir deitar comida a Chubby, fui vestir algo mais desportivo e saí de casa para ir correr e apanhar ar.

Quando dera por mim, estava em direção a casa do Wade. Toquei à campainha e quem me abriu a porta foi Christa, que me olhou confusa. Ignorei o facto de ela estar com a camisa de Wade e entrei.
- Só preciso que ele me dê uma coça e depois fica tudo resolvido e ele é todo teu. - disse para Christa depois de lhe beijar a testa. - Juro que não o vou espancar muito.
Christa encolheu os ombros despreocupadamente. Aquilo não era surpresa nenhuma para ela.
Fechei a porta e Wade apareceu. Fomos até lá fora e começamos a descarregar um no outro, sem sabermos a razão do outro descarregar. No fim, acabei em pior estado que Wade, visto que eu não fizera muito para lhe acertar.
Voltei depois a casa, calmamente. Estava mesmo a chegar quando Christa me ligou. Atendi, limpando o sangue do lábio.
- Sim, vou já pôr gelo, Christa. - ouvi o que ela tinha a dizer enquanto abria a porta. - Ele também pareceu bastante irritado, portanto vê o que é que ele tem. - disse e arqueei o sobrolho ao ver a mochila de Alexa. Dirigi-me à cozinha para pegar em gelo. - Não, eu não vou dizer-vos porque precisava de porrada. Vocês não são meus pais. - encostei o gelo ao lábio e resmunguei quando Christa quase gritou ao meu ouvido. - Porra, Christa, fala baixo. Sim, eu passo por aí amanhã para ver o estado em que o deixei. Mas eu estou pior, espero que saibas. - ouvi-a. - Sim, está bem. Mas não te interessa não é? - dei por mim a rir. - Sim, é isso mesmo. Eu perco a beleza quando estou todo esmurrado. É essa a ideia. - gozei. - Até amanhã, Christa. Diz ao Wade que para a próxima é pior. - ironizei e desliguei a chamada, virando-me para trás a tempo de ver Alexa à porta.
Sabia bem o meu estado: tinha um lábio inchado, onde estava a pôr gelo. Tinha sangue na cara que nem sabia bem de onde vinha, mas que também era de Wade, possivelmente. As minhas mãos estavam com sangue nos punhos, de dar tantos murros e doíam-me para carago.
- Hey. - disse-lhe com um sorriso torto, sem realmente a olhar.

Sentei-me no banco lá fora e Charlie veio ter comigo, sendo seguida do cão que começou a correr de um lado para o outro. Peguei na minha irmã e abracei-me a ela, suspirando.