Sala de estar

Entrei em casa com o rapaz, Robb.
- Depende do dia, da disposição e de muitas outras coisas. - acabei por dizer. Também não era muito dada a dar confiança facilmente às pessoas.
Acendi todas as luzes da sala e coloquei a minha mala no sofá. - Fica à vontade. - disse logo.

Fui-me sentar no sofá, quando entrámos em sua casa. -Assim diria que estás num dia muito mau - comentei enquanto levantava o braço para olhar para a minha ferida. Já tinha visto piores mas realmente não tinha o melhor aspeto possível. - Então e tu vais dar-me a pomada ou vais vende-la? - perguntei. - porque eu não gasto dinheiro em coisas que não preciso.

- Com a seca que apanhei hoje no hospital. - ri-me. Ele tinha visto o monte de idosos chatos que eu tinha atendido, e fora os chegaram depois dele. Fui rapidamente à casa de banho buscar a caixinha de primeiros socorros. - Não te preocupes, a pomada fica por minha conta. - acabei por dizer quando voltei.

-Eu bem que tentei animar o teu dia mas não deixaste - disse colocando o braço para cima e olhei-a a ir à casa de banho. Lá jeitosa era. Sorri para mim e esperei que voltasse com a caixa de primeiros socorros. Se eu ao menos tivesse uma coisa daquelas. - Está bem, mas tem cuidado a pôr.

Olhei para ele por momentos, antes de abrir a caixa e sorri assentindo com a cabeça. - Não te preocupes. - lá comecei a desinfectar a ferida e no fim, passei com pomada levemente sobre a mesma.

Não consegui evitar uma careta enquanto ela tentava cuidar da ferida. Em Mine não tinha posto metade das coisas que ela tinha posto, não sabia se era por isso que estava a infetar, mas tinha que ser por alguma coisa. Olhei para a ferida, cheia de pomada e assenti - obrigado - agradeci. Eu podia ser como era mas não era mal agradecido.

Arrumei todas as coisas que utilizei para lhe desinfectar a ferida e olhei de novo para ele, dando-lhe a pomada para as mãos. - Agora só tens de aplicar a pomada todos os dias. - expliquei.

Bebi um bocado da garrafa de água que tinha trazido e encostei-me ao sofá. Agarrei na pomada, observando a mesma enquanto falava e assenti - E tens a certeza que não vais pedir nada por isto? - perguntei guardando-a no bolso do casaco, fechando o fecho que o mesmo tinha e levantei-me. - Podia fazer-me mais a ti, mas tenho que ir.

Neguei com a cabeça face à sua pergunta. - Mando-te a quantia por carta, depois deposita na minha conta. - brinquei com ele. Levantei-me também quando ele disse que tinha de ir, sem saber muito bem o que dizer.

Fui dirigindo-me até à porta e, apesar de saber que ela estava a gozar revirei os ombros - considera-te roubada então, porque não te vou dar a minha morada - disse já com um sorriso enquanto abri a porta de casa - isso querias tu - foi a minha vez de brincar.

Encolhi os ombros, como de fosse a pessoa mais despreocupada de sempre. - Eu descubro, não te preocupes. - ri-me, acompanhado-o à porta.

-Só se me seguires - deixei que me acompanhasse até à porta e virei-me para trás - pode ser que volte ao hospital, o de Mine não é lá muito bom - levantei uma mão para me despedir. - adeus única-enfermeira-bonita-que-já-vi. - despedi-me agarrando no meu telemóvel não lá muito bom para saber onde é que estava toda a gente. Já que não ia trabalhar ia divertir-me.

encerrado

Ri-me pelo que ele tinha dito e voltei a entrar para casa depois de o ver desaparecer na escuridão da noite.
Acabei por ir dormir depois de ele sair. Na manhã seguinte, como estava de folga, acabei por vestir umas leggings, uma t-shirt e os meus tenis de correr e sai de casa.

Consegui convencê-la a dizer-me onde era a sua casa e segui as duas direcções para chegar até lá. Parei o carro mesmo em frente - Pronto, estás entregue - anunciei, orgulhoso de ela não se ter passado comigo pelo caminho - Vives sozinha? - perguntei ainda, esperando que ela não entendesse a questão como algo com segundas intenções.

Assenti com a cabeça à sua pergunta enquanto pegava na minha mala, para sair do carro e ir para casa.
- Sim. - respondi apenas. - Obrigada pela boleia.

Já não tive tempo de dizer mais nada, despachado por ela. Ao ouvir a porta a fechar, gritei ainda, sem ter a certeza se ela me ouvia - Se precisares de alguma coisa liga-me, tens o meu número! - e fui embora dali, de volta a casa.

Acabei por entrar em casa e despachar-me para ir trabalhar, visto que entrava daqui a uma hora.
*uma semana depois*
Cheguei a casa super cansada, era meio dia, e eu tinha feito mais de vinte e quatro horas seguidas. A vida de enfermeira era dura, mas eu estava a dar em doida de tanto cansaço que já tinha acumulado, mas era uma profissão que eu gostava e fazia com gosto.
Acabei por chegar a casa e ir comer qualquer coisa rapidamente, para tomar um banho depois.

Uma semana depois, como combinado, acordei logo cedo para aparecer na casa da loira. Nos dias que se passaram, conheci miúdas, mas nada aconteceu senão noites ocasionais. Entrei no carro e fiz o percurso da terça feira passada para chegar a sua casa. Quando cheguei, buzinei, esperando que fosse suficiente para ela perceber que já podia sair. Não tinhamos falado entretanto, por isso esperei também que ela não tivesse arranjado outra maneira de lá ir e isto tivesse sido em vão.

Acabei de comer e estava a ouvir umas buzinas de um carro mas nem liguei, certamente era para um dos vizinhos. Limpei e arrumei a loiça que tinha usado para fazer o meu almoço, bem como a cozinha.

Esperei um bocadinho, mas nada aconteceu. Impaciente, voltei a buzinar, duas vezes seguidas. Se ela não viesse, teria de sair do carro e ir lá. Depois ela que não me viesse com paranoias que eu tinha aparecido inesperadamente.

Acabei por abrir algumas janelas para colocar a casa a arejar, nomeadamente a da cozinha, para lhe retirar os cheiros ainda presentes e coloquei a minha farda a lavar.

Suspirei, cada vez mais aborrecido, e dei um murro no volante, o que deu um último buzino, desta vez inesperado. Saí do carro e fechei a porta com força, ouvindo o eco desta ainda quando atravessava a rua até à casa dela. Bati à porta com toda a força. Tinha dormido pouco, estas eram as consequências.

Ouvi alguém bater à porta como se me tivessem a partir a mesma. Acabei por primeiro ir ver quem estava na porta, era Jason. Será que já era terça-feira? Se calhar sim, mas estava na ideia de ser segunda. Se calhar o carro estava pronto mais cedo.
O meu estado físico, era um pouco assustador, mas mesmo assim acabei por ir abrir a porta.
- Olá. - disse apenas.

Finalmente, abriram a porta. Estava pronto para resmungar mas quando vi o seu cabelo despenteado e aquela que devia ser a roupa para o seu trabalho, não me consegui controlar e comecei a rir-me. - Muito bonita - comentei, brincando e, sem cerimónias, entrei para dentro de casa - Parece-me que ainda te tens de arranjar, por isso estou aqui à espera. Por favor diz-me que não és daquelas miúdas que demoram duas horas... - disse, ainda às gargalhadas.