Cozinha

- Então foi esse o barulho que me acordou antes do despertador. - sentei-me numa das cadeiras vazias enquanto bebericava o meu café para ver se a cafeína fazia efeito e eu arranjava mais energia - Não. Sou uma pessoa que precisa de ter o sono em dia. - disse fazendo um pequeno beicinho.

- É provável - Concordei. Eu gostava quando as mulheres entendiam da mesma forma que eu : uma coisa de uma noite só. - Então deves ter muito sono. Tiveste a noite toda para dormir - Era um facto. Pus alguma manteiga por cima das minhas tostas quando as acabei.  - Posso encobrir-te por uma meia-hora lá no quartel e pões o sono em dia se não houver ocorrências.

Pousei a minha caneca vazia no balcão e saltei do banco, caminhando até ao Kelly. Coloquei os meus braços à volta do tronco dele e encostei-me a ele, fechando os olhos de seguida, um bocado mais a exagerar do que por estar assim tão cansada - És o meu herói.

Eu sorri e por momentos afaguei-lhe as costas. Mas depois desfiz-me do sue abraçado antes que se tornasse embaraçoso - Eu sei. De momento não tenho a capa posta mas, bom... - "Herói". Era algo que me chamavam muitas vezes.

Afastei-me do Kelly e olhei para as horas, não estávamos atrasados mas era melhor começarmos a ir embora - Mal posso esperar para te ver de capa. - gozei enquanto me sentava no sofá para calçar as minhas botas.

- Não sei se terás esse privilégio - Brinquei.
Acabei de comer o meu pequeno-almoço antes que ficasse frio. Ia precisar de café na mesma - Vamos ter que parar no Starbucks.

Levantei-me do sofá e caminhei até à porta, vestindo o meu casaco assim que cheguei ao mesmo - Por mim tudo bem, preciso de mais cafeína para trabalhar em condições. - respondi e fiquei à espera que o Kelly ficasse pronto também para sairmos.

Assenti apenas. Fui só buscar as minhas cosias ao meu quarto e voltei. Saímos de casa e descemos para a garagem. Seguimos para o Starbucks e então depois para o quartel.

encerrado.

Depois do meu despertador tocar, levantei-me da cama com alguma preguiça e desci até à cozinha para fazer café. Precisava urgentemente da minha dose de cafeína para aguentar o dia que ia ter. Ia passar o dia preocupada com o trabalho e com o Kelly que estava aqui em casa mas nunca se sabia o que podia passar por aquela cabecinha.

Apesar da pedra de sono, o meu corpo acordava matinalmente. Por isso acordei, levantei-me e tomei logo um comprimido. O meu ombro estava todo roxo. Vesti uma camisola para tapar. Saí do quarto e cheirei o café. Tão bom. - Hey - Servi-me logo.

Levei a caneca à boca e bebi um gole de café quando percebi que o Kelly estava a entrar na cozinha - Bom dia. - cumprimentei com um sorriso e apontei para a máquina de café - Queres? - perguntei enquanto pousava a minha caneca no balcão que se encontrava à minha frente.

Assenti. Servi a mim mesmo uma bela porção de café. Não tinha fome, mas precisava desesperadamente de cafeína. Era quase uma droga. - Já vais para o quartel? - Perguntei, mal conseguindo conter o mau humor por eu não ir.

Olhei para as horas e assenti com a cabeça - Sim. - respondi enquanto pousava a caneca de café vazia no lava-loiças - Precisas de alguma coisa da rua? - perguntei para tentar mudar o rumo da conversa porque sabia o que o Kelly sentia por não ir trabalhar.

Eu era competente naquilo que fazia. O chefe ter-me "pedido" para ficar fora este dia fazia-me sentir como um inválido que não era - Não - Respondi mal humorado - Bom trabalho - Pus mais café na minha chávena e voltei para o meu quarto.

- Se precisares manda mensagem. - disse-lhe - Obrigada. - ainda ponderei dar-lhe um beijo na bochecha mas com o humor que ele estava ainda me batia. Ok, o Kelly não me ia bater mas também não ia ficar super satisfeito. Agarrei nas minhas coisas e aproximei-me da porta - Até logo.

Depois de uma passagem rápida pelo meu quarto, apareci na cozinha vestido com uns calções e uma camisola. Já previra que era ali que Shay estaria - Isso é pergunta necessária? - O meu dia tinha sido uma porcaria.  - Conta-me antes tu como foi o dia.

Olhei para ele quando apareceu na cozinha e sorri - É. Preciso de saber se vou encontrar embalagens de preservativos no corredor. - brinquei. Como é que lhe havia de dizer que o nosso dia tinha sido bastante trabalhoso para além da minha preocupação por ele? Não dizia, claro. Encolhi os ombros e fui ao frigorífico para ver o que é que tinha para ali para comermos - Nada de especial. Algumas ocorrências mas nada de mais.

Aquilo antes teria-me feito rir, naquele dia. Não pensara em sexo, passara o dia a dormir ou a beber, não conseguindo fazer mais nada para além disso - o corredor está limpo, não esteve cá ninguém - respondi secantemente - Pois... - O que vale é que no dia seguinte já ia trabalhar.

Dei a volta ao balcão da cozinha até me colocar ao lado do Kelly - Temos de nos divertir. - disse enquanto lhe semicerrava os olhos - Estou farta de te ver com essa cara de amuado. - apertei-lhe a bochecha - Ainda tens dores?

Olhei-a com um sorriso fraco, pouco amistoso. O meu humor era simplesmente o menos adequado possível.  - Não estou com cara de amuado - Retorqui. Fiz uma careta. Abanei a cabeça que não, não queria que ela se preocupasse comigo - Não muitas, mas... podes arranjar-me mais alguns compridos? - Eu usara mais do que devia e estava com poucos. Precisava de mais.

- Estás sim, Kelly. - sentei-me em cima do balcão enquanto olhava para ele - E estás a dar-me vontade de te bater. - tentei fazer ar de má mas rapidamente desapareceu - Já tomaste todos os da embalagem que te dei antes? - os compridos eram fortes e eu tinha-lhe dado a embalagem ontem.

Eu estava com pouca fome mas era melhor começar o jantar. Abri o frigorífico para ver o que tinhamos.  - Então bate. És uma menina, não vai doer - disse num lapso de bom humor - Ainda tenho alguns mas...

Olhei para o Kelly de olhos semicerrados quando disse que não ia doer se eu lhe batesse por ser uma menina - Kelly Severide, sabes muito bem que eu consigo ser agressiva, por isso não me provoques. - assenti com a cabeça - Tudo bem. Amanhã dou-te outra embalagem mas não podes tomar de qualquer maneira os comprimidos, Kelly.

Os meus lábios fizeram um trajeito recto como que para a provocar.
- És tão agressiva como um coala. - Balancei a cabeça, nada interessado. Só queria os comprimidos - Só tomo quando tenho dores - Que era sempre.

Mostrei-lhe o dedo do meio enquanto revirava os olhos - Sou um coala que quando se irrita é bastante agressivo. - saltei do balcão onde me encontrava sentada - Tudo bem, mas tem cuidado e estou a falar a sério, Kelly. - disse-lhe e tirei umas lasanhas daquelas já feitas para o nosso jantar.