Praia

Depois de uma noite cansativa e de uma manhã a dormir até tarde, nada melhor do que comer algo num café e seguir depois para a praia. Felizmente hoje está um belo dia de sol! Ontem por exemplo esteve um péssimo dia, de céu nublado... Um dia feio, vá.
Assim que cheguei à praia, depositei a toalha, a t-shirt e os chinelos num sítio, e fui passear pelo areal.

Tinha ido dormir a casa da Em e por isso não me tinha preparado muito bem para isto mas estava ansiosa por vir à praia fazer um bocado de surf.
Tinha conseguido emprestado um dos bikinis da minha melhor amiga mas faltava o mais importante que era a prancha. Não é que a minha casa ficasse assim muito longe mas não me queria dar ao trabalho de lá ir.
Aproximei-me da casinha de maneira onde se alugavam pranchas e entrei na mesma - Boa tarde. - cumprimentei o rapaz que lá estava - Queria alugar uma prancha.

Fui andando devagarinho, para poder ver se havia por ali gajas boas. Loiras, de preferência. Infelizmente as que estavam escarrapachadas nas suas toalhas, pelo areal, ou eram morenas ou ruivas. Fui andando mais um bocadinho e reparei numa loira, na barraca das pranchas. Fui-me aproximando como quem não quer a coisa, apreciando-a à descarada. Parece estar irritadinha, oiço a voz dela daqui, e ainda nem estou a dois metros dela.

- Para que é que queres uma prancha? - perguntou ele com aquele ar de superior irritante. Eu fazia esse ar mas não era irritante, ficava-me bem.
- Para ir a um funeral. O que é que te parece? Quero fazer surf mas não tenho a minha prancha. - estava a começar a ficar irritada a sério e tudo graças a este.
- Uma miúda como tu a fazer surf? Não te vou dar uma prancha para a estragares toda, barbie.

À medida que me fui aproximando, consegui ouvir perfeitamente a conversa. Revirei os olhos quando ouvi o pacóvio e acelerei o passo. Não tenho paciência para estes gajos armados em superiores. Coloquei-me praticamente ao lado da moça e olhei para o gajo.
- Ó caralho, dá lá o raio da prancha à rapariga. Estás aí todo armado em superior mas olha que se calhar ela é melhor que tu a surfar. O teu trabalho é dar as pranchas às pessoas que as pedem, não criticá-las ou gozá-las. Por isso dá-lhe lá a prancha, antes que te espete dois murros nesse focinho.

Abri a boca para lhe responder mas nem cheguei a fazê-lo porque um rapaz apareceu ao meu lado a defender-me. Bem, eu poderia dizer que não precisava que ele me defendesse mas tinha que admitir que não era mau de todo até porque ele estava a fazer um ótimo trabalho, o outro quase se mijou assim que o viu.
- Peço desculpa. - disse ele rapidamente enquanto ia buscar uma prancha e ma dava - Aqui tens.
Agarrei na prancha e ignorei-o complemamente, olhando para o rapaz que tinha aparecido ali - Obrigada.

Assenti quando o vi a mudar a sua postura e sorri de canto. Olhei para ela e alarguei um pouco mais o sorriso - De nada. E tu vê lá se continuas a fazer o teu trabalho - Disse, para o gajo. Virei-me para a rapariga e coloquei a mão no seu ombro, afastando-me dali com ela - E então, posso saber como te chamas?

Agarrei melhor na prancha assim que me comecei a afastar da barraca mais para a zona do areal. Juntei as sobrancelhas ao sentir as mãos do rapaz que me tinha "salvo" nos ombros mas não disse nada. Ele tinha-me ajudado por isso podia ser simpática por um bocadinho - Sophie. - pousei a prancha na areia assim que cheguei à minha zona de sempre - E tu?

- Bom prazer em conhecer-te - Disse apenas, esboçando-lhe um pequeno sorriso. Olhei para o mar e suspirei - Bem, não te vou incomodar mais. Tu tens coisas a fazer, e eu vou dar um mergulho. Pode ser que nos voltemos a encontrar por aqui ou assim. Adeus, Sophie - Comecei a afastar-me dela e fui então até ao mar, dando um mergulho no mesmo. Está mesmo óptimo.

Abri a boca. Ele não me tinha dito o nome dele ou era impressão minha? E... também tinha sido impressão minha ou ele mal tinha reparado em mim? Bem isto era uma estreia. Sophie Graham a ignorada. Bem, ao menos nunca mais o ia ver na vida e estava ali sozinha, não havia ninguém para testemunhar este facto.
Despi a minha roupa, ficando apenas em bikini e voltei a pegar na prancha para me dirigir para a água.

Depois de nadar um pouco pela água fantástica, saí da mesma e fui em direcção ao bar ali perto. Pedi uma bebida fresca e, com ela na mão, fui para o meu lugarzinho. Às vezes fico admirado com o facto de não ser roubado, porque eu até deixei a carteira e o telemóvel aqui. Mas eu bem tenho as minhas técinas. Limpei-me à toalha com a mão livre e depois estendi-a novamente, de maneira desajeitada, e depois sentei-me sobre a mesma. Consigo ver a gaja daqui. Até que é bem jeitosa, e... É loira! Cá para mim vai ser a minha próxima conquista.

Passei um bom bocado dentro de água a apanhar ondas até que me fartei, principalmente porque as ondas não eram assim tão grandes pelo que acabei por não surfar nada de jeito. Agarrei na prancha novamente enquanto me dirigia para a areia. Não me consegui controlar e pousei a mesma ao lado da toalha do rapaz - Não me disseste o teu nome. - disse de forma descontraída enquanto espremia o cabelo para tirar o excesso de água.

Eu fiquei a observá-la até que ela saiu, e assim que percebi que vinha certamente ter comigo, desviei o olhar, fingindo que estava a apreciar o mar à minha frente. Quando ouvi o familiar som da prancha a ser ligeiramente enterrada na área, olhei a rapariga de baixo para cima, conseguindo assim apreciá-la em condições. Lá está, a gaja é boa. - Drake, chamo-me Drake - Respondi, sorrindo docemente. Elas adoram os meus sorrisos.

- Drake. - repeti enquanto o olhava. Era giro, não podia negar isso mas mesmo assim, de certeza que era como todos os rapazes que eu já tinha conhecido. Bem as únicas excepções eram mesmo o Declan e o Matt - Obrigada por me teres ajudado a conseguir a prancha apesar de não ter adiantando de muito. O mar não está nada de especial. - disse com um suspiro antes de me sentar ao lado dele na areia, mesmo sem ele me ter dito que o podia fazer.

- Não tens de agradecer, Sophie. O gajo estava a ser mal-educado contigo e eu simplesmente o... Corrigi, ou assim - Encolhi os ombros e olho-a quando se senta ao meu lado. Mordo discretamente o lábio ao olhar sabe-se lá para onde e suspiro também.
- Bem, ao menos tentaste. Mas sim, acho que o mar hoje não está grande coisa para isso. Não sou perito mas pronto, não se vê muitas ondas... Fazes isso noutro dia.

- Eu podia tê-lo feito sozinha mas é sempre bom ter um rapaz como tu a aparecer e salvar a situação. - coloquei as mãos atrás de mim na areia e fiquei apoiada nas mesmas enquanto fechava os olhos e levava com o sol na cara - Quer dizer, eu não sou gigante e toda musculada como tu. - disse com um meio sorriso.

"Não é musculada como eu". Bem, já reparou que sou musculado. Quer dizer, como é que não se repara nisso? Ri baixinho do que ela disse e fiz uma careta - Às vezes esta aparência ajuda nestas situações. Hmm, eu sou gigante?

Olhei para ele e sorri quando o vi a rir. Tinha que ser minimamente simpática e tinha que admitir que estar a falar com ele não era mau de todo apesar de mal nos conhecermos e bem, se ele não me tivesse ajudado na barraca das prachas e o visse só assim na praia não sei se me começava a abanar com os calores ou se fugia de medo - És grandalhão. - respondi rindo-me - És muito maior que eu, o que também não é muito difícil mas mesmo assim, e és todo musculado.

- Grandalhão? E tu és pequenina - Ri também e toquei-lhe no braço, empurrando-a ao de leve - Eu até gosto de ser assim, grandalhão como tu dizes. Aliás, não és a única que me chama isso, é uma das minhas alcunhas - Sorri e voltei a olhá-la. Opá, a gaja está tão bonita que se pudesse comia-a ali num sítio escondido. Pára de pensar tanto, Drake.

- Sim. - concordei enquanto me ria assim que ele repetiu o que eu lhe tinha chamado. Encolhi os ombros quando me chamou pequenina e dei-lhe uma palmada na mão quando ele me tocou no braço para me empurrar - Se eu fosse grandalhona como tu era horrível. - disse com uma careta - Drake, o grandalhão. - tentei fazer um ar sério - Cá para mim andas metido em lutas e coisas desse género.

- Bem, isso é bem provável. És bem bonita assim como és, e eu até acho mais piada às pequeninas. Quer dizer, quase toda a gente é mais pequena que eu - Encolho os ombros e tento não rir quando ela se mostra toda séria ao dizer o meu nome e alcunha. Abanei a cabeça - Não, não ando em nada do género - Muito pelo contrário...

Foi impossível não sorrir. Lá estava, o elogio. Claro que eu era bonita como era, eu sabia isso, não era convencida nenhuma, era só olhar-me para o espelho mas era sempre bom ouvir alguém a dizê-lo - Sim, acho que dificilmente encontrar alguém maior e mais musculado que tu. Bem, só se forem os lutadores profissionais. - olhei para ele desconfiada quando disse que não andava em lutas porque não acreditei muito mas também não tinha nada a ver com isso - Então és só um herói, à espera de encontrar damas indefesas para as ajudares?

- Sim é verdade, mas também não encontras um lutador profissional com tanta facilidade. A maior parte do tempo estão a fazer exercício nos ginásios para ficarem ainda maiores e musculados - É só impressão minha ou ela está mesmo convencida que eu sou um lutador?! - Herói, eu? Não, não mesmo. Estava por perto e pronto... Eu não gosto deste tipo de pessoas, que armam discussões por tudo e por nada e que se armam em superiores. Irritam-me...

- Eu não gosto de parvalhões e aquele era definitivamente um parvalhão. - farta de estar sentada, deitei-me na areia mas apoiada nos meus cotovelos e de maneira a que o conseguisse ver na mesma - E então, vives aqui em BlueRiver ou estás só de passagem? - de certeza que ele não andava na escola, tinha ar de quem não tinha idade para isso e se ele lá andasse eu reconhecia-o com as maiores das facilidades por isso não sabia se ele vivia aqui na villa ou se era apenas um visitante em Sin City.