Aluguer de Bicicletas

Sabia como William era. Nunca ia dizer nada que se passasse com ele. Pelo menos eu percebia quando alguma coisa se passava.
Assenti com a cabeça - Também - Fiquei por momentos sem dizer nada - Espero não estar a interromper-te. Posso vir noutra altura.

Encolhi os ombros. Ela não me interromper e muito menos a incomodar, mas também não que queria que ela me visse a sofrer por uma maldita dor de cabeça. - Faz o que quiseres. - sem me aperceber muito, tinha-lhe dito aquilo com algum desprezo.

Os meus olhos estreitaram-se. Agora até podia vir em má altura ou não. Não queria saber. Ia perguntar-lhe sobre aquilo que ali tinha ido fazer - Já falaste com a Aixa? - Perguntei normalmente.

- Sim.. - tivéramos aquela conversa toda, discutiramos, mas não tínhamos chegado a conclusão nenhuma. Aixa continuava rebelde.

- E? - Perguntei-lhe, talvez denunciado mais nervosismo na minha voz do que queria realmente.

- E nada.. ela não deu o braço nem a torcer, nem contra. - encolhi os ombros. - Depois da conversa, acalmou um pouco a rebeldia. Mas continua distante.

Então, por outras palavras, não resolvera nada. Engoli a seco e fitei-o. - Ela não vai dar o braço a torcer. Seja aquilo que for que nós tenhamos, ela não gosta.

- E o que é que isso interessa? Desde quando precisamos da aprovação dela. - revirei os olhos. Estava a ficar com um mau humor insuportável.

O tom dele começava a irritar-me. - Interessa que não vai ser por minha causa que vocês os dois se vão afastar - Respondi de volta, muito rápido.

- Se me afasto ou não da minha irmã, não é sequer da tua conta. - revirei os olhos. - Limita-te a fazer o teu papel de melhor amiga e não de miúda que sabe o que é o melhor para dois irmãos.

Por momentos exibi uma expressão chocada - Ora aí tens! Eu já nem papel de melhor amiga tenho, a Aixa não me fala. E contigo também não sei que papel tenho!

Ele estava sempre a trabalhar. Essa era outra coisa mas não me pronunciei - Só te ocupo mais um minutos - Respirei fundo antes de voltar a falar. Não queria chorar - Não é preciso voltarmos a falar. Não nos vamos voltar a ver. Não me vou intrometer na tua familia, Will. Não vou. - Uma lágrima, ainda assim, rolou pela minha face. - Gosto muito de ti. Mais do que devia. Mas isto é pelo melhor. Adeus Will - Virei costas e saí dali o mais rápido que conseguia.

Eu não gostava do que estava a ouvir. Não me queria afastar de Maya, não queria que o que houvesse entre nós acabasse. E teria ido atrás dela, se a minha dor de cabeça, não aumentasse.

encerrado.

Tinha tido um dia preenchido mas que parecera interminável. Passara o tempo todo a pensar em Will, a pensar em tudo o que se passara e em como estava feliz. Iniciava-se uma nova fase da minha vida, tanto pessoal como profissionalmente. Mal podia esperar para contar a Will! Cheguei à oficina acompanhada por Mist que ultimamente andava a receber pouca atenção minha.

Hoje eu tinha aproveitado para deixar de parte um pouco a oficina e atender mais os clientes. Estava super bem disposto, com um sorriso enorme nos lábios. Estava feliz. E quando vi Maya fiquei ainda melhor.

Acenei quando os nossos olhares se cruzaram. Não o queria atrapalhar, ele ainda tinha clientes para atender. Fiquei encostada a um expositor que ele ali tinha fazendo festinhas a Mist.

Não conseguia concentrar-me muito bem, com Maya ali. Deixei um dos novos empregados a atender os clientes e fui ter com Maya. Tinha contratado duas pessoas para me ajudar e ao meu socio, mas principalmente para ter mais tempo livre com Maya.

Era algo bom que o negócio dele estivesse cada vez mais próspero. Sabia que isso o deixava contente. Sorri e perguntei-me se o devia beijar ali no ambiente de trabalho. Acabei por o fazer - Podes fazer uma pausa de quinze minutos para irmos beber qualquer coisa?

Acariciei a cabeça de Mist e sorri abertamente. - Claro que sim. - saímos da loja e seguimos até a um bar ali perto.

Eu ainda vinha com os sacos da Victoria Secrets atrás. Por muito que devesse estar longe de Will, não conseguia, por isso ia picá-lo um bocadinho. Entrei dentro da loja e vi o seu colega ao balcão. Dirigi-me, dizendo que queria alugar uma bicicleta, mas o homem sentiu-se melhor chamando Will, porque já sabia quem eu era. Não era bem o meu plano, mas teria que servir..

Eu estava na garagem a arranjar uma bicicleta muito mau tratada, quando o meu sócio me chamou para atender uma cliente. Foi quando me dei de caras com Maya. O meu rosro enrigeceu.

O meu coração começou a bater mais rápido quando vi Will. Era sempre assim. Só o humor dele quando me viu é que estragou o momento. Fechei, também, a minha expressão - Quero alugar uma bicicleta. O teu colega não me quis dar. Pensei que era simples.

Revirei os olhos. Ela tinha vindo por causa de uma bicicleta? Isso intensificou o meu mau humor. - Claro. Tens algum tipo de bicicleta em mente? - estiquei-lhe uma folha. - Tens que meter aqui os teus dados..

Encolhi os ombros. O entendido em bicicletas era ele, não eu - Uma normal, só vai servir para ir dar um passeio - Respondi sem ânimo. Olhei para a folha, depois para ele, depois para a folha novamente e rabisquei-a com os meus dados pessoais que ele sabia, de certeza - Feito.