Aluguer de Bicicletas

- Que feio, chamar cabra à mãe do filho do Will - revirou os olhos, mas acabou por se rir. Já tinha ouvido coisas bem piores e nem por isso se importava. - Está? Hum.. Não sei.. Vês algum Will por aqui?

O que é que Will vira nesta mulher há quatro anos anos atrás? Sinceramente... - Eu própria vou verificar - Contive-me para não revirar novamente os olhos e fui até à garagem, a sua oficina pessoal, ver se ele lá estava.

Estava tão concentrado a arranjar uma velha carrinha que se não fosse o som da porta da garagem, nem sequer tinha notado em Maya e em Scylla. Limpei as minhas mãos e dispensei a ruiva. - O que querias falar? - não a olhei, continuei focado no que estava a fazer.

Fiquei tenso ao ouvi-la. Como é que ela tinha descoberto aquilo? Ninguém, além de mim e de um pequeno grupo de pessoas, sabia. Scylla, o meu subconsciente falou. Maldita ruiva, ela prometera segredo! Porque é que eu ainda confiava em mulheres?! - Sim, eu estudei medicina.

Ele respondeu àquilo que menos interessava. Mais ainda assim, fiquei pasmada. Vivera com ele meses e só agora é que descobrir isto. Revirei os olhos - Mas não tens de participar na minha cirurgia. Aliás, o que é que te passou pela cabeça para sequer pensares nisso?

Eu não queria que Maya descobrisse por aquela mesma reacção que ela estava agora a ter. Suspirei e tentei manter-me firme nas minhas palavras. Odiava mentiras, mas tinha que ser. - Não sei sequer do que estás a falar. Deixei a medicina há anos e não pretendo sequer voltar a exercê-la.

Não a impedi de se ir embora. Nós já não estávamos juntos e pelas suas atitudes parecia que isso não era mais uma opção. Mas antes que ela atravessasse aquela porta, falei. - Não te preocupes. Estarás nas mãos de dois dos melhores médicos da Austrália. - talvez eu estivesse a ser um pouco egocêntrico, mas a verdade era que em tempos, eu e o meu colega ficámos conhecidos como a geração dos milagres, naquele mundo da medicina. Tínhamos sido os melhores da nossa faculdade e a melhor dupla no hospital. Bons tempos..

Não me dignei a responder ao que ele disse. Já pouco me importava. Estava tão farta de estar doente. Passei por Scylla à saída. O olhar dela era capaz de matar. Idiota. Saí da loja. Não sabia se alguma vez voltaria a entrar.

Limpei as minhas mãos e suspirei. Agora só estávamos eu e Scylla na loja e era a oportunidade para esclarecer umas coisinhas com a ruiva. Estava chateado, pior, estava irritado pela sua atitude.
Mais tarde fomos buscar Josh e seguimos para casa.

A pouco e pouco as semanas iam passando. Eu dissera a mim mesmo que nunca mais voltaria a exercer medicina, mas o certo era, que com tudo aquilo a vontade de pisar um hospital reaparecera. Fui-me mantendo informado do caso de Maya, sempre atento e esperançoso para que as suas sessões de quimioterapia acabassem.