Hospital

O pior era que com o passar do tempo eu começava a divertir-me com a sua persistência em responder-me. Afastei-me da parede e caminhei até ficar completamente à sua frente. - Na realidade, desde que tu me afastaste de ti, sempre foste minha paciente. Era eu quem revia os teus exames, era eu quem analisava tudo ao pormenor, fui eu que te fiz a operação, tudo..

- Não te estou a esfregar nada nada cara. Só estou a dizer que quer queiras, quer não, sou teu médico. - revirei os olhos. - Dar espaço? Eu acho que foi mais uma tortura. Porque se eu bem me lembro, não fui eu que estive num café com outra pessoa, logo depois de me teres dado esse "espaço".

Dei um passo atrás. - Porque te amo, porque não aguentava ver-te daquela maneira. Mesmo tu me afastando, queria estar lá. Porque quero cuidar de ti. - suspirei. - Amigo? E porque é que precisavas do apoio dele quando podias ter o meu?

- Quem tinha que decidir isso era eu, não tu. - passei as mãos pelos seus cabelos e despenteei-lhos. - Queres drama pior que uma adolescente de 16 anos? - suspirei. Não conseguia ficar sério o suficiente. - O Josh é das coisas mais importantes do mundo, mas sabes que hoje em dia, ser pai nem é tão difícil assim Maya. - sorri. - É, eu sei. Sou um homem de muitas surpresas. - ri-me.

A decisão deveria ter sido dele, mas eu não suportava ser empecilho de ninguém. Por isso decidira eu. - Will, por favor - Estava ele a gozar comigo? Eu estava a sentir um turbilhão emocional e ele estava a gozar comigo. Acho que esbocei um pequeno sorriso - O que é que estás a querer dizer? - Se estávamos a pôr tudo em pratos limpos, então que fossemos diretos.

- Estou a dizer que podemos tentar a adopção, sua idiota. Nunca te ocorreu isso? O que importa se é de sangue ou não? Não é menos nosso por isso. - fiz uma careta. - E depois, sinto saudades tuas. O meu mundo sem ti não é o mesmo.

NOSSA, QUE LAMECHAS WILL

Apertei-a contra o meu corpo e retribui o beijo. Tivera tantas saudades dos seus lábios que por minha vontade não os afastaria nunca. - Ma.. Maya.. estamos num hospital. - ri-me.

NÃO, NÃO É

Sorri perante o seu comentário - E depois? Não quero saber. E aliás, essa bata deixa-te muito sexy o que torna quase impossível para mim não te beijar - Pisquei-lhe o olho - Amo-te Will - Finalmente podia voltar a dizê-lo.

- Que engraçado, não és a primeira que me diz isso. - sorri abertamente. - Eu também te amo. Finalmente Maya!

- Parvo! - Reclamei, batendo-lhe ao de leve no ombro. - Finalmente - Concordei - Não achei que fosse voltar a dizê-lo. Foste um idiota comigo no outro dia! - Lembrei.

- Mas é verdade. O Josh passa a vida a dizer que fico muito bonito de bata. - passei as mãos pelo couro cabeludo. - É seu sei e peço desculpa por isso, mas agi se pensar muito. Mas o bolo estava delicioso, palavras do meu filho!

- Sim, sim... Aposto que não é só o Josh - Soltei uma gargalhada baixa. - Ao menos ele gostou. Isso já compensa a tua idiotice - Brinquei. E já que falávamos em Josh... - Will, como é a tua situação com a Scylla neste momento?

Fiquei um pouco tenso quando ela tocou no nome de Scylla. As coisas não estavam propriamente um mar de rosas. - Eu nem sei ao certo. - Suspirei. - É complicado de explicar. Mas não vamos falar sobre isso, okay? Não há nada para te preocupares.

Aquela sua resposta não me dizia nada e por isso não a ia aceitar. Estava prestes a resmungar quando fui levada por uma tontura que me fez fraquejar.

Abracei-a antes que caísse no chão. - Vês, é isto que dá teres saído do quarto sem autorização. Devias descansar! - resmunguei. Apanhei-a tipo saco de batatas e seguimos para o seu quarto.

Fiquei um bocadinho zonza mas nada que me impedisse andar por mim mesma - Ainda tu dizias que isto era um hospital! Deixa-me ir pelo meu próprio pé, olha só o que as pessoas vão pensar.

Continuei a andar como se nada fosse. O que as pessoas diziam ou deixavam de dizer era-me igual. - Qualquer coisa digo que és uma lunática que estava a tenta fugir do hospital. - sorri alegremente, satisfeito com a minha resposta.

- Só te falta ires buscar-me um colete de forças  ou assim - Ironizei. Felizmente o meu quarto era individual e mais ninguém teve de testemunhar aquilo. Voltei para a cama de hospital - Eu não preciso de estar aqui. Se é para descansar, posso muito bem fazê-lo em casa.

- Olha que não era uma má ideia. - voltei a despentear-lhe os cabelos. - Pareces uma criança Maya. Se a médica disse que precisas de descansar aqui, é porque é mesmo necessário. Deixa de ser teimosa, se não, faço com que fiques aqui o mês todo.

À pala dele já estava a ficar toda despenteada. Assim iam mesmo confundir-me com uma louca. - Não farias isso - Olhei para ele desafiadoramente.

Sentei-me ao fundo da sua maca e cruzei os braços ao peito. - Queres apostar? Não me testes Maya. Sendo teu médico e teu namorado sou capaz de fazer isso e muito mais. Coloco até seguranças aqui à porta.