Quarto do Will

Era por estas e por outras que eu sabia que não podia ter arranjado ninguém melhor do que Will. Sorri e disse logo com certeza - Quero panquecas e chocolate e morangos - Ri-me para não chorar com a quantidade de calorias que seria.

- Gorda.. - gozei. Saí da cama e fui preparar o pequeno almoço. Fiz o que ela quis e outras coisas mais, para mim. Tentei não me demorar muito. Aproveitei até para tirar uma das orquídeas que tinha no corredor e metê-la em cima do tabuleiro.

Fiz uma careta - Não sou nada - Mas quando ele saiu do quarto levantei-me e pus-me em frente do espelho. Estaria mais gorda? Voltei para a cama, estrategicamente posicionada de forma a que ele reparasse bem no que expunha, e esperei por Will.

Não a podia ver na minha cama, que as minhas pernas tremiam. Quase que deitei o tabuleiro para o chão e atirei-me para cima dela, quase.. Sentei-me na cama e mais uma vez, beijei-a.

- Olha lá, não te distrais e deites o meu pequeno-almoço todo pelo chão - comentei a rir. O beijo soube-me bem. Não havia nada mais que adorasse se não aqueles seus actos - Cheira tão bem, Will. Devias ter um bar ou um café, a loja de bicicletas é pouca apelativa quando tens este talento.

- Não te preocupes eu tenho cuidado.. - mostrei-lhe a língua. - Acredita que tenho mais dotes em arranjar bicicletas do que a cozinhar. - mas ficava contente que ela gostasse.

Era bom que ele tivesse cuidado pois eu tinha mesmo fome. - Já te vi a fazer ambas as coisas e olha que não sei... - Ri-me. Ele ficava bastante sexy a fazer ambas as coisas, pensei.

- Acho que não divirto tanto a cozinhar quanto a lidar com as bicicletas.. e depois, na loja sempre posso ver as vistas. - remexi as sobrancelhas e acabei por sorrir. Estava a tentar picá-la.

- Tu és mesmo estranho. O que te vale é que apreces um mecânico muito sexy quando estás lá na parte da oficina... - gargalhei baixinho, ronronando de seguida lembrando-me das coisas que já tínhamos feito aí. Dei-lhe uma sapatada no ombro - Hey! Espero que só passem raparigas feias por lá.

- Eu pareço sexy de qualquer maneira. - eu era um belo partido, acreditava realmente naquilo. - Acho que além das quarentonas, das pitinhas, sim, ainda passam lá umas boazonas.. - ri-me.

- Não sei como. A vaidade está-te a subir à cabeça - Contive-me para não rir e parecer séria. Falhanço total. - Mau, mau, mau. Desde que não retribuas o olhar... Olha que estás feito comigo se o fizeres!

- Acho que já fui bem mais vaidoso.. - fiz uma careta. Antes da morte dos meus pais eu era um puto demasiado vaidoso. - Não sei de nada.. lalala.. - estaria a memter se dissesse que me interessava pelas outras.

- E agora já não o és assim tanto porquê? - Eu não achava que ele fosse vaidoso. Até era um homem com os pés assentes na terra, humilde. Era uma das coisas que mais gostava nele. - William Walker!

Estalei os dedos das mãos, uma estúpida mania que eu tinha. - Porque aprendi que existem coisas mais interessantes na vida que a vaidade.. - fiz uma careta. - Esse é o meu nome uhuh!

Eu encolhia-me sempre que ouvia aquele som. Fazia-me sempre confusão quando ele estalava os dedos. - Não me digas, espertinho! - Ri-me e beijei-o novamente - Estou de acordo contigo. A vaidade não é, sequer, algo que importe na vida. Mas já vi, ou melhor fotografei muita gente que pensa que sim.

Envolvi um dos meus braços em torno dela e puxei-a contra mim. Beijei o topo da sua cabeça. - Não preciso de vaidade na minha vida. Só de ti..

Fiquei agradada com a proximidade. Quando mais perto dele, melhor me sentia. Caramba, estava caídinha por Will. Ao ouvir as palavras dele senti as silabas quase se desenrolarem na minha lingua. a-mo-te . Aninhei-me nele e beijei o seu pescoço.

Maya fazia-me feliz. Eu tinha a certeza absoluta que ela era a mulher da minha vida. - Maya, Maya, Maya.. o que é que me fizeste?

Contive uma risadinha para mim. Afastei-me o suficiente para o conseguir olhar nos olhos. Ele tinha só os olhos mais bonitos de sempre. - É o efeito Reed.

- Efeito Reed.. right.. - fiz uma careta. O que quer que fosse, tinha-me apanhado completamente. Mas havia outra coisa que queria falar com ela. - Como te vês daqui a uns anos?!

- E lamento, mas não há cura - Informei-o logo de seguida com um sorriso. Fiquei curiosa ao ouvir a sua pergunta. Abanei a cabeça em gesto de pensamento - Acho que como qualquer mulher se vê. Feliz, talvez casada, ao lado de um bom homem... - Olhei-o calmamente - Quero ter uma carreira mais sólida por essa altura, já ter viajado muito também.

- Não me importo. - sorri. Escutei-a com atenção. Eu estava quase a atingir os trinta anos e tinha que admitir, há já algum tempo que pensava em assentar de vez. Ter uma família.. - Hum.. tudo bem.

Havia um sorriso que não me saía dos lábios. Quando estava com ele era sempre assim. - E tu, Will? - Perguntei porque agora também ficara curiosa.

- Uma família. - Encolhi os ombros. E eu queria uma enorme. Com a mulher mais importante do meu mundo, ela.. - Quero-me casar e ter filhos.

Por momentos passou-me pela cabeça uma imagem dele com dois crianças loirinhas a brincar no jardim. O meu coração apertou-se. Perguntei-me se eu poderia ser a melhor a dar-lhe isso. Desejei que sim. - Com a tua idade já muitos homens têm isso, ou estão a caminho... - Comentei.