Hospital

Suspirei e levantei-me, sentando-me à sua frente na cama.
- Corres o risco de levar porrada. Estou super furiosa contigo. - avisei.

Mordi o lábio quando encolhi os ombros, por causa do meu braço deslocado e fiquei a olha-lo. Queria dizer qualquer coisa que a fizesse compreender o porquê de lhe pedir desculpa, mas decidi ficar calado, queria deixar esse assunto para outro dia. - Não é nada que já não esteja habituado - respondi- até já estou no hospital se pretenderes mandar-me para lá com a tua mão pesada. - tentei levantar o meu humor.

Bati-lhe na perna.
- Não gozes comigo. - resmunguei.
Deitei-me ao seu lado na cama, olhando para o teto.
- Não é tarde, sabes? - perguntei baixinho, fixando um ponto qualquer para não o olhar.

Sorri levemente e só não disse nada porque ela se deitou ao meu lado. Olhei-a com um meio sorriso, por ela estar perto de mim de novo e não percebi a sua afirmação pelo que respondi a coisa mais estúpida de sempre - sim, só devo sair à tarde.

Revirei os olhos.
- Não é isso. - resmunguei e depois soltei um suspiro, ficando em silêncio por momentos. - Não é tarde para lutares... por mim... se ainda me quiseres.

Desviei o olhar na sua direção começando aos poucos a aparecer-me do que ela queria dizer e fiquei uns segundos a olhar apenas para os seus olhos. - Eu quero - respondi baixinho.

Olhei para ele quando senti o seu olhar pousado em mim.
- Boa sorte. - disse simplesmente e voltei a fixar o teto. - Tens algum trabalho pela frente.

Sorri levemente quando ela me deu a boa sorte e desviei também o olhar do dela. - Eu não me importo - respondi-lhe baixinho e fechei os olhos. Estaria lixado se tivesse arranjado emprego entretanto, não me parecia que conseguisse levantar da cama nos próximos dias - mas tens que estar por perto enquanto eu não me conseguir levantar.

Virei-me para ele e olhei-o.
- Define perto. É que moro ao fundo da rua, caso não te lembres. - arqueei as sobrancelhas.

-Ainda mais perto - respondi-lhe desviando de novo o olhar para ela - devido que conseguia ir até tua casa fazer o que quer que seja - murmurei. Só esperava não estar a fazer porcaria agora que ia ter que mudar de villa.

- Ainda mais perto teria que ser na rua. Lá é frio. - fiz uma careta. - E vais mudar-te, por isso... - encolhi os ombros levemente.

-Podias... - calei-me quando até ela se lembrou que eu ia ter que me mudar. - Pois - murmurei desviando o olhar dela. Então parecia que ela estava errada, que era mesmo tarde.

- Se fores para onde disseste, é mais uma razão para lá ir. Supondo que me consegues de volta. - olhei para ele e mordi o lábio inferior levemente. - Supondo. - acrescentei.

Olhei para a sua mão e para a minha e aproximei-a da sua, passando os dedos pela mesma, distraindo-me a roçar os nossos dedos. - Só me vais ver aos fins de semana - disse-lhe olhando-a - como é que eu te posso conquistas de novo? - perguntei.

Olhei as nossas mãos por momentos.
- Sê imaginativo. - encolhi os ombros levemente. - Não vou estar do outro lado do mundo.

-Vais estar longe na mesma - olhei-a e já que estava do lado do braço bom tentei deitar-me mais ou menos de lado, ficando a olha-la com os olhos meios fechados por causa dos medicamentos que me davam mais sono que o habitual. Aproximei-me devagarinho do seu ombro, dando-lhe um beijinho no mesmo e fechei os olhos, encostando a bochecha ao mesmo.

- Podia ser pior. - encolhi os ombros levemente e dei-lhe espaço para ele se deitar o meu lado. Mexi no seu cabelo. - Dorme. - disse-lhe baixinho.

-Podia ser melhor - contrariei ainda de olhos fechados e, quando ela me pediu para dormir, eu fi-lo, até porque assim passava mais rápido até à hora que a médica vinha dar-me a alta.

Suspirei e senti a sua respiração acalmar. Fechei os olhos e acabei por adormecer também passado um bocado.

Abri os olhos calmamente, embora tenha acordado meio sobressaltado por alguém me ter tocado no braço que doía. Percebi que já tinha dormido o suficiente para que o tempo passasse e sorri à médica, por finalmente sair dali. - Estás a sentir-te bem? - perguntou-me ela tocando-me nas costelas. Fiz uma careta fechando os olhos e ela rapidamente se afastou. - O hospital está cheio, vou dar-te alta, mas fica de cama até te sentires melhor, está bem?

Acordei com o movimento de Evan e levantei-me logo, esfregando os olhos.
- Talvez eu te arraste só pelo chão. - disse para Evan.

Desviei o olhar para Skyler que tinha acordado e agora dizia algo que eu não entendia, mas que rapidamente percebi quando a médica lhe falou. - Um enfermeiro pode leva-lo de cadeira de rodas até ao carro - explicou ela e deu-me uma caneta - assine aqui e pode ir quando quiser. - e foi o que fiz, só queria o meu quarto.

- Sim, eu sei, estava a brincar. - arqueei o sobrolho e depois de Evan assinar, entrou um rapaz passado um tempo, com uma cadeira de rodas.

Sorri quando Sky se defendeu e a médica saiu. Olhei-a ainda a sorrir e comecei a sentar-me com a ajuda de um enfermeiro, que logo afungentei para que não me tocasse. - Parece que ela não gosta muito de ti - comentei-lhe para a chatear e suspirei quando me sentei na cadeira.

- Deixa lá. Nunca gostam. Dizem que brinco demais com a vida das pessoas. - revirei os olhos. - É só uma piada, mas enfim.
Saímos do quarto e o enfermeiro levou-o até ao meu carro e ajudou-o a sentar-se.