Sala de Estar + Hall de Entrada

Fingi uma expressão insultada e indignada - Eu tão sou assim tão má na cozinha - Retorqui, a resfolegar. - Fugiste do hospital, o que quer dizer que ainda não estás recuperado e precisas de descansar. Deixa-me tratar do jantar desta vez.

- Eu estou bem. Se me queres ver descansado, deixa-me ao menos ajudar-te a fazer o jantar. - fiz uma careta. - E não fugi do hospital.. apenas tomei um direito meu. Não gosto deles.

- Não, fazemos assim. Tu ficas sentado e podes opinar a ver-me fazer o jantar - disse em resposta - Nahhh, tu basicamente fugiste. És um fugitivo.

- Nop.. ou eu ajudo, ou não temos acordo. - ia levar a minha avante. Bocejei e cocei o couro cabeludo. - E tu és a cúmplice, portanto..

Grunhi e frustração - Porquê que é sempre assim, dominante? Eu não devia ceder - Mas cedia sempre e desta vez não seria diferente - Está bem, anda lá. Cúmplice? Sou mais vitima das tuas ideias malucas.

Acabei por me rir. Ficava contente por ouvir aquelas palavras. - Porque sim, meu amor. Sempre o fui e sempre o serei. E porque quero prevenir a minha casa de qualquer tipo de dano. - sorri. - Não te queixes muito, oh vítima. - gozei.

Tremi quando ele me chamou de amor. Sorri timidamente. - Até parece que te ia incendiar a casa ou algo assim - Repliquei. - Queixo-me sim.

- Nunca se sabe. - não podia confiar muito nelas. Não na cozinha. Abracei-a contra o meu corpo e depositei um beijo na sua cabeça. - Mas não devias. - acabei por me rir.

- Credo, deves mesmo ter uma noção muito má de mim - comentei, fingindo-me indignada. Suavizei a minha expressão quando ele me abraçou.  - Tu fazes-me ter de queixar. E digo-te já que me vou vingar pela cenazinha no hospital. 

- Oh, não sabes o quanto.. - sorri maliciosamente. 
Olhei-a de sobrancelha erguida. - What? Vingança? Ainda agora começámos a namorar e já falas de vingança. Não sabia deste teu lado..

- Isso é suposto significar alguma coisa?
Perguntei, num tom malicioso.
- Ficas a saber agora - ri-me. - Agora é tarde de mais para voltares atrás.

Fingi um ar horrorizado, mas depressa suavizei a minha expressão. - Pash.. essa é a tua sorte.  - Beijei os seus lábios e levantei-me. - Vamos fazer o jantar?!

Eu considerava-me mesmo uma sortuda por o ter.
- Sim, vamos lá que o stress todo que passei por tua causa no hospital deixou-me esfomeada.
Seguimos para a cozinha.

Eu levei-a até sua casa porque não confiava em mim mesmo para levá-la para a minha. Tinhamos ido a viagem em silêncio eu não me atrevera a dizer nada enquanto não parasse o carro.

Eu devia ter avisado Will que me tinha ido embora. Talvez o fizesse, assim que entrasse em casa. Durante a viagem, tentava recompor-me e esquecer o acontecido. Ainda estava em estado de choque. Quando a viagem terminou, tirei o cinto e saí do carro.

Era a minha deixa para arrancar o carro e partir, ir-me embora. Por alguma razão vi-me incapaz de o fazer e saí, dando a volta ao carro mas não me afastando muito. Observei-a.

Eu nem conseguia olhar direito para ele. Estava tão envergonhada. - obrigado. - murmurei. Procurei na minha malinha pequena as chaves de casa e afastei-me dele.

Apenas assenti em reconhecimento.
Suspirei e voltei para dentro do carro. Só arrancaria quando ela estivesse dentro de casa.

Tranquei-me a sete chaves em casa. Estar ali sozinha, depois daquilo tudo, fazia parecer aquele sítio, ainda maior. Corri rapidamente para o quarto e tranquei-me. E passei o resto da noite ali.

encerrado.

Voltei a suspirar. Mas que noite.
Arranquei e fui para casa.

encerrado.

Mais tarde, nessa noite, quando me vi finalmente livre do trabalho já era tarde mas não resisti e fui parar a casa de Will. Toquei à campainha e esperei, já com um sorriso nos lábios.

Eu estava à espera da minha irmã. O meu ar era sério, talvez até chateado. Tinha encontrado uma caixa de pilulas perdidas no seu quarto e uma t-shirt de homem que não reconhecia como minha. Estava na sala, com ambas as coisas nas mãos.. Fui abrir a porta. - Entra.

Percebi logo que alguma coisa se passava com William. Ele parecia tenso e irritado - Tiveste um mau dia? - Perguntei enquanto entrava e tirava o meu casaco.

Fechei a porta assim que ela entrou. Respondi-lhe apenas com um aceno e fiz sinal para ela se sentar. - O que sabes sobre isto? - se havia algo que a minha irmã me escondia, tinha a certeza que Maya sabia.

Olhei para ele novamente e vi uma caixa de pilulas na sua mão. Oh não, alguém tinha sido descoberta. Não valia a pena dizer que eram minhas para encobrir Aixa, ele já sabia que eu tinha parado de tomar as minhas.  - Oh Will. O que eu sei é que a Aixa já é uma mulherzinha e é responsável.