Sala de Estar

- Ele é que teve sorte - Kaik tentou roubar uma fatia de pizza mas não deixei. Dei-lhe parte do bacon da pizza.

- Ele teve sorte. - repeti quase num murmúrio. Aquele cãozinho não se contentou apenas com o bacon. Demorou algum tempo, mas conseguiu roubar-me a minha fatia.

- Kaik, que rude - gozei e fiquei.me a rir. Entretanto o jantar acabou e faia-se tarde.

Acabei por me rir. Quando o jantar acabou, fiquei-me deitada no sofá a acariciar o pêlo ao cão. Este não parava de se remexer em cima da minha barriga.

- Olha que o meu sofá é muito confortável. Ainda adormeceres - comentei, prevendo que isso fosse acontecer.

Bocejei. O mais provável era que adormecesse mesmo no seu sofá. - Está bem, vou levar isso em conta. - fiz uma careta.

- Vais ficar aí? - Perguntei. Não me lembrava de a deixar ficar em minha casa.

- Shiuu.. vou. - bocejei. Eu estava quase a pegar o sono, caso ele se fizesse silêncio. Ainda para mais, estava com o estômago cheio. Era tiro e queda.

- Hey! - Vi que ela ia adormecer mais minuto, menos minutos por isso, só desta vez, ia deixá-la ficar - Vais ficar cheia de dores de costas se dormires aí. Anda, vai para a cama.

Remexi-me no sofá e espreguicei-me. Eu ia adormecer, ele tinha razão. Levantei-me, ainda agarrada ao cão e segui até ao quarto.

Eu fiquei na sala. Ela que instalasse. Eu depois iria para o quarto também. Nem pensar em dormir no sofá só para lhe ceder a cama. Nem pensar.

Eu estava envergonhado pela noite anterior, por Aixa me ter visto daquela maneira mas não ia voltar a falar no assunto. Agora estava à espera que ela aparecesse... se é que ia aparecer.

O silêncio prolongou-se até à sala. Kaik veio animado cumprimentar-me e eu, afaguei-lhe o pêlo. Olhei por breves momentos para Trevor. Ainda era constrangedor.

- O que é que se passa? - Acabei por perguntar, farto daquele silêncio idiota e constrangedor.

Oh, então ele tinha reparado. Estava assim com tão mau aspecto? Fiz uma careta. - Não se passa nada. - pelo menos nada que quisesse falar.

- Não és muito convincente a mentir. Mas não não queres falar, está bem - Não a ia obrigar nem queria saber - Vamos treinar.

Sim, eu não era nenhuma expert na mentira, mas estava de mau humor e isso só piorava tudo. - Sim, vamos treinar. Foi para isso que cá vim. - revirei os olhos e seguimos até ao seu estúdio.

Pelo menos, aquela espécie de passeio tinha servido para Kaik se acalmar um bocadinho. No entanto, ainda se atirou às minhas pernas uma três ou quatro vezes. Sentei-me no sofá.

Pousei o saco da farmácia na sala e fui à cozinha buscar um copo com água. Regressei para a sala e estendi-o a Aixa.

Era um bocado constrangedor estar ali e a tomar aquilo. Depois de feito, estendi-lhe o copo de volta. Encolhi os ombros.

- se começares a sentir efeitos secundário, é o normal - tentei não pensar na última e única vez que também tivera de tomar aquilo por causa de mim. - queres aqui ficar ou pensavas ir para casa?

Passei as mãos pelas minhas pernas e suspirei. - Eu preciso de trocar de roupa, tomar banho.. essas coisas todas. - e também de treinar, completei mentalmente. - Eu devia ir embora.

Ela podia ir-se embora. Se calhar até era melhor mas mesmo assim aproximei-me dela e beijei-a. Não era um beijo louco nem de promessa, era simplesmente um beijo porque sabia bem beijá-la - Volta quando quiseres.

Eu devia estar com um hálito de camelo e com Kaik sempre a tentar lamber-me a boca, não era estranho, ter-me afastado depois de ele ter beijado. Levantei-me. - Sim, está bem.. xau. - beijei a sua face e saí dali.

Fiquei a vê-la sair. Damn. Tinha-me metido numa alhada. Uma grande alhada chamada Aixa. Ri-me e fitei Kaik - não te habitues aos miminhos dela - como se o cão me percebesse.