Sala de Estar

- Para um daqueles circuitos do centro? Têm uns trilhos interessantes - respondi. Peguei nas minhas coisas, entre elas as chaves do Camaro. Fui o último e sair e trancar a porta. Seguimos.

encerraod.

Eu não conseguia viver sem ela por mais do que isso. Só não verbalizava porque para um homem como eu essas palavras não saíam facilmente. - Uh, é muito importante. Podes esperar um anel no fim de tudo - Brinquei e fui para o meu quarto.

- Aww, no champanhe? - perguntei enquanto subia as escadas depois de tirar toda a roupa do saco de desporto - Já estou ansiosa! - entrei no meu quarto e dirigi-me logo ao roupeiro enquanto despia a roupa que tinha vestida. Agarrei numas calças de ganga e numa blusa preta e depois de me vestir, calcei as minhas botas pretas e fui só à casa de banho dar um jeito rápido ao cabelo.

Não demorei nem dez minutos. Quando voltei à sala, estava vestido com umas jeans cinzentas, uma camisola preta e um casaco de couro preto, também. Modéstia à parte, eu estava bastante bem. E quando cheguei à sala e vi Shay, percebi que ela também estava muito bem - Hoje a noite é minha e tua. Não podes engatar ninguém. Assim vestida, vão-te cair aos pés.

Olhei para o Kelly assim que ele apareceu na sala e assenti com a cabeça - Muito bem, podes vestir-te para me agradar mais vezes. - entrelacei o meu braço no dele e ri-me com as suas exigências - Ok, nada de engatar. - a verdade é que eu já não engatava ninguém à algum tempo, não porque não o conseguisse fazer mas por andar sem vontade de o fazer - E não faz mal, se elas caírem aos meus pés continuam caídas que hoje sou só tua.

Eu nem estava muito diferente o habitual - Então estou aprovado - Sorri suavemente. - Que honra seres só minha por esta noite, Leslie Shay.

- Estás mais do que aprovado. - disse com um sorriso. Agarrei na minha mala onde tinha o telemóvel e as chaves de casa antes de fechar a porta atrás de nós - Tens de aproveitar porque não tens esta honra todos os dias.

- Tu adoras-me mesmo! - Soltei uma gargalhada sonora. - Mas acontece frequentemente, por isso... - Descemos no elevador até ao parque de estacionamento.

- Já devias saber que sim, Kelly. - soltei uma gargalhada com o que ele disse a seguir e dei-lhe um soco sem força no braço - Ainda hás-de querer estar comigo e não poderes. - achava que isso nunca iria acontecer mas nunca se sabe o que o futuro reservava.

Apesar de o soco não ter doído nada, soltei um «Autch!» dramático. - Não soltes pragas sobre isso, Leslie - Eu não imaginava a minha via sem ela, sobretudo depois de tudo o que se passara comigo nos últimos tempos.

Sorri com o que o Kelly disse - Eu sabia que apesar de tudo o que tu dizias não conseguias viver sem mim. - apenas larguei o braço do Kelly assim que chegámos à rua e caminhámos em direção ao Camaro para irmos jantar e de seguida ao cinema.

- Só não fiques muito convencida com isso - Avisei, contendo-me para não me começar a rir. Entrámos no Camaro e partimos para o restaurante.

encerrado.

Já estávamos os dois na sala, no sofá, prontos para uma maratona qualquer. - Não disse que o teu trabalho não é importante, porque é, mas não é assim tão exigente em termos fisicos - e era disso que falávamos. - até parece que te queixas.

Spoiler:

- Está bem, chato. Agora cala-te que quero ver... - juntei as sobrancelhas enquanto tentava perceber o que é que estava a dar no canal onde a televisão estava acesa - isto. - disse mas rapidamente abanei a cabeça - Não, isto não. - mudei de canal e tirei mais um monte de pipocas - Não me queixo porque não tenho outro remédio a não ser aturar-te.

Spoiler:

Fiz uma careta e abanei a cabeça como que me rindo dela. Sentei-me à grande a à francesa no sofá, esticando-me todo. Tive algumas dores, quis ir tomar outro comprimido mas obriguei-me a ficar ali com Shay. - Jesus. Mas será que escolhes alguma coisa de vez? - Resmunguei. - Sim, sim...diz que é isso...

- Não dá nada de jeito. - queixei-me com um suspiro e atirei-lhe o comando para o colo, roubando-lhe o balde de pipocas para mim - Escolhe tu. - sorri e levei uma mão cheia de pipocas à boca - É isso mesmo. Não nos vamos esquecer foste tu que quase pediu de joelhos para vir morar comigo.

Fiquei visivelmente agradado quando ela me passou o comando. Abri a programação de um canal e recuei para trás. Procurei alguma coisa de jeito. Um maratona de uma boa série de comédia. - Vês? Não é assim tão difícil. Tu é que és esquesita - Abanei a cabeça - Estás a dramatizar a cena. Tu é que te voluntariaste quase

Continuei a comer pipocas enquanto o Kelly procurava alguma coisa para vermos. Revirei os olhos assim que ele finalmente encontrou e se armou em esperto - Está bem, agora está calado que eu quero ver a série. - disse mas rapidamente tive de voltar a falar - Eu precisava de alguém para dividir a casa mas tu quase te meteste de joelhos para seres o meu companheiro de casa.

- Tu é que não te calas, vês? - Atirei-lhe com umas pipocas para cima e comecei-me a rir.
- Não me lembro de as coisas serem bem assim - Contestei.

Abri a boca fingindo um ar amuado-barra-chateado enquanto olhava para o Kelly - Ai é? Então agora vou ficar calada. - disse cruzando os braços enquanto virava a minha atenção para a televisão e descruzava os braços apenas para continuar a comer pipocas.

Eu duvidava que ela aguentasse muito tempo calada. Simplesmente não era para Shay estar silenciosa, ela tinha que falar e comentar tudo porque era assim que ela era. - tens que me pagar um jantar se falares - ri-me.

Virei a cara para o Kelly e revirei os olhos enquanto lhe fazia caretas. Oh meu deus, eu não conseguia ficar sem falar e ele sabia isso, o que me dava mais vontade de ficar calada e provar que eu não era assim tão previsível. Para me distrair e tentar manter o silêncio, continuei a comer pipocas enquanto olhava para a televisão.

Ela ia tão perder aquela aposta, desafio, fosse o que fosse. Uma coisa que Shay não conseuia aprar de fazer era tagarelar especialmente a ver televisão. A série que estávamos a ver levantava imensas gargalhadas e eu ia fazendo comentários - aquele gajo é mesmo tótó, faz-e lembrar o Otto.

Mordi o meu lábio inferior com força para me manter em silêncio, coisa que me estava a custar mesmo muito mas ia tentar manter o máximo de tempo que conseguisse. Continuei a comer pipocas para ver se isso me impedia de falar mas nem assim por isso comecei a ficar amuada por saber que o Kelly ia ganhar e decidi dedicar-me a atirar-lhe pipocas. Sim, muito adulta, Leslie.

Ela estava a comer tantas pipocas que o balde começou a ficar vazio. O que restava acabou em cima de mim. Comecei-me a rir - Mas tu tens cinco anos? - Comi uma das pipocas que tinha caído em cima de mim - Tu é que perdes. E olha, estás rabugenta como ali a rapariga em quem o loirinho meteu os cornos.